quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Histórias de uma História


Conto 2

Escrito por: Édiner R Silveira

A pergunta é a seguinte: Existe a pessoa perfeita? Um homem ou uma mulher que não cometa erros? Bom Prudence achava que não, e isso que a fazia achar as pessoas hipócritas. Na verdade essa opinião era por que ela queria se casar ou ter um relacionamento sério quando se aposentasse, mas achava difícil alguém aceita-la. As pessoas não eram perfeitas então não tinham o direito de acusá-la de algo. Mas será que existia alguém que casaria com ela depois da aposentadoria mesmo sabendo de tudo?

A grande verdade é que Prudence era uma prostituta, mas não uma dessas que se acha na beira de estrada e que fazem as alegrias de sábado à noite dos caminhoneiros. Prudence era uma prostituta de classe média, ou seja, estava quase no nível das de luxo. Sua vida era assim desde os 20 anos de idade quando começou a trabalhar nesse meio para pagar a faculdade de fisioterapia. Ela vinha de uma família estável e bem resolvida, mas que não tinha dinheiro suficiente para bancar uma faculdade.

Prudence sempre foi uma garota que sonhou alto, ela não desejava ter um emprego comum e passar a vida toda sendo uma vendedora ou algo do tipo, ela tinha o desejo de se formar e ter uma profissão reconhecida e diplomada, mas como tudo na vida tem um preço, ela passava os finais de semana como prostituta. Prudence teve essa vida durante muito tempo, na verdade mais tempo do que gostaria. Sua faculdade tinha cinco anos de duração, mas ela já estava nessa vida fazia oito anos, tudo por que ela se apaixonou.

Quando Prudence já estava no terceiro ano de faculdade ou sexto semestre como os acadêmicos medem seu tempo, Prudence conheceu um homem que domou seu coração,antes que você se pergunte, não ele não era um de seus clientes, era um colega de faculdade muito atencioso que conquistava ela com palavras bonitas. Logo os dois começaram a sair e a relação foi ficando mais séria, até que chegou o momento em que ela teve que contar do que vivia. Contou que enquanto eles saiam juntos se encontravam e dormiam juntos, paralelamente nos finais de semana ela se prostituia. A cortina de mentiras caiu e ela tinha medo de ser rejeitada. Ele pediu um tempo para pensar no que fazer e depois de umas duas semanas eles reataram, tudo parecia ir muito bem, pois o homem que ela amava tinha aceitado o trabalho de prostituta que Prudence exercia com a condição de que ela parasse no ano seguinte, parecia uma grande prova de amor. Mas nem tudo são churros nessa vida.

Certo dia enquanto Prudence tomava banho o homem que tanto ela amava descobriu algo sem querer na casa dela. Ele foi pegar água na geladeira e quando fechou à porta da mesma algo escorregou e caiu de trás da geladeira. Era um pequeno baú com todas as economias de Prudence, algo em torno de quarenta mil reais, mais alguns cheques e coisas pessoais. Por que não estava no banco esse dinheiro todo? Boa pergunta, simplesmente para não ter que declarar para o imposto de renda. Ela não sabe o que ele pensou, mas quando ela saiu do banho o dinheiro não estava mais lá e o cara tinha desaparecido. No dia seguinte esse homem que ela passou a chamar de “O grande filho de uma puta” espalhou para toda a faculdade que ela era prostituta, destruindo sua imagem e forçando ela a largar a faculdade ao mesmo tempo em que ele criou a oportunidade de manter ela afastada.

Isso a destruiu e a forçou paralisar a faculdade e trabalhar por muito mais tempo do que esperava, até ela se matricular em outra faculdade e juntar dinheiro novamente. Isso custou tempo da sua vida, custou a confiança que ela tinha nas pessoas, custou parte de seus sonhos, custou mentir para seus familiares por muito mais tempo e custou sua saúde pois a partir daí Prudence começou a consumir anti depressivos até ficar totalmente dependente para continuar vivendo e exercendo a profissão.

O ultimo programa que ela fez tinha uma semana e foi o ultimo na vida, ela estava quase formada, estabilizada, porém não conseguia largar os remédios e ter alegria na vida, ela sentia um grande vazio no peito depois de tudo que passou, de todas as dificuldades e humilhações que viveu, até inclusive ser espancada por um cliente drogado certa vez. Tudo o que queria agora era encontrar uma motivação para a vida e alguém que a aceitasse como ela era.

Certo dia ela pegou um ônibus para ir até a casa de uma amiga. Quando entrou no ônibus se sentou em um banco onde um homem jovem acabara de se levantar e descer, ela notou que ele havia deixado um livro ali, mas quando tentou chamá-lo para devolver era tarde demais ele já havia descido. Curiosa ela começou a ler o que estava escrito ali. A cada linha um brilho nascia nos olhos de Prudence e consequentemente um sorriso, ela pegou um pedaço de papel de sua bolsa e anotou algo que estava escrito no livro e em seguida escreveu algo lá também. Fechou o livro que tinha a capa azul com algumas nuvens desenhadas e o deixou no banco do ônibus. Antes de descer o ônibus deu uma grande freada e em seguida atropelou alguém, aquilo mexeu com Prudence ao ver um rapaz caído no asfalto coberto de sangue.

Alguns meses passaram e as coisas que Prudence leu no livro a ajudaram a melhorar dos problemas e traumas emocionais, ela já estava formada e conseguira abrir uma clinica de fisioterapia com as novas economias que havia juntado. Sua aparência havia mudado, ela agora deixou seus cabelos ficar na cor natural que era ruivo, ela era uma bela mulher ruiva de olhos verdes e corpo bem definido, mas sempre valorizou mais suas idéias e pensamentos que o seu corpo. No papel que ela havia anotado do livro tinha uma data e um local, era um restaurante muito famoso da cidade que havia reinaugurado após quase falir, lá ela viu um homem sentado à mesa que a chamou a atenção a primeira vista, ela ficou em dúvida se seria ele a pessoa, mas depois de muito olhar tinha certeza que realmente era ele, ela se aproximou e perguntou seu nome, o homem respondeu “Marcos” em seguida ela lhe entregou o papel, Marcos leu e sorriu.

Mas afinal o que está escrito no livro?

O que o livro tem em comum com Prudence e Marcos?

Coincidência?

Continua...

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