quarta-feira, 22 de junho de 2011

Quem Te Traz as Cores - Capítulo 3

Alexandre Barbosa da Silva

Capítulo 3: Lost in Translation


Tudo bem, eu vou tentar descrever em palavras. É um misto de empolgação e... sono? Não, não sono, sonho! Aquela sensação de que as coisas não parecem reais, mas ao mesmo tempo, você não se preocupa em acordar e descobrir que não foi real – o que na verdade, é uma das piores coisas que pode acontecer ao humor de uma pessoa. É como uma plenitude efêmera. Sim, pois só dura alguns momentos. Depois é necessário que outra coisa aconteça para trazer de volta aquela sensação. Difícil de entender? Pois é, também o é para seu humilde narrador que, aliás, não devia estar se referindo a si mesmo como uma (e em terceira) pessoa, já que ele não havia feito isso até agora. Mas tudo bem… danem-se as regras e convenções impostas.


Gabrielle foi na frente, e disse que esperaria por Douglas na saída do Aeroporto Internacional de Roma, chamado de Leonardo da Vinci (ou Aeroporto Fiumicino), enquanto ele pegava as suas malas e apresentava o seu passaporte a um simpático senhor. Bom, pelo menos parecia, já que Dougas não entendia nada do que o homem dizia.

Alguns minutos depois, e após muitos mal entendidos, ele conseguiu se livrar das burocracias pertinentes a viagens internacionais. Próximo a saída, Roberto que passava apressado, o desejou boa sorte.

- Obrigado mesmo. Valeu! – agradeceu.

Encontrou Gabielle parada na frente de uma imensa frota de taxis. Ela puxava um cachecol da bolsa e o apertava tão forte contra o pescoço que parecia que queria se estrangular.

- Meu Deus, como é frio! – disse ela tremendo quando o avistou. Ele concordou com a cabeça.

- Mas já vim preparado – e indicou as luvas e a enorme jaqueta que vestia.

- Em que hotel vai ficar? – ela perguntou.

- Em um não muito luxuoso eu acho, considerando que eu comprei um pacote mais barato. Nem sei pronunciar o nome do hotel – então ele mostrou a ela o nome escrito em um folheto.

- Hmmm, também não sei pronunciar – ela riu – mas vou pra lá com você. Meu pai só me espera amanhã, e eu não quero adiantar o encontro, por isso não vou pra casa dele hoje.

- Tudo bem então, vou ver se arrumo um taxi.

Ela o observou se afastar até o taxi mais próximo, e riu enquanto ele gesticulava em grandes arcos, e apontava para o folheto, tentando fazer o taxista entender a mensagem. Depois ele voltou correndo com o taxista em seu encalço. Os dois ajudaram a colocar as malas de Gabrielle no porta-malas do pequeno carro branco. Os dois se jogaram no banco traseiro para escapar do frio enquanto o motorista assumia a direção. Assim que o carro começou a se locomover, Douglas riu.

- O que foi? – perguntou gabrielle, que se surpreendera com a risada repentina.

- Ah, não é nada. Eu só espero realmente que estejamos indo para o lugar certo – riu novamente e depois ficou olhando pra fora distraidamente.

Ela riu também e se virou para a janela. Contemplou a bela cidade e suas construções imponentes, ainda mais belas devido a cor e a luminosidade que só existem ao final do crepúsculo, o último fiapo de dia, que mesmo lutando bravamente, só dura poucos minutos na briga contra a noite que cai esmagadora. Gabrielle colocou a mão no vidro. Os últimos raios de sol mediam apenas um centímetro por entre seus dedos, que se fechavam conforme o astro-rei era forçado a afundar no horizonte.

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