Os dias são todos iguais...
Não?
É são todos iguais, tão iguais que não notamos as nossas
diferenças, eu falo as verdadeiras, não as de pouca importância. Mas diferenças
que não nos faz diferentes ao mesmo tempo.
Leonardo sempre foi apaixonado por criar coisas, foi então
que desde jovem juntou suas economias para publicar uma baixa tiragem de um
livro que ele pretendia escrever. O livro não tinha um tema em especifico
falava sobre tudo que ele observava. Algo que Leonardo tinha observado é que o
mundo em silêncio nos revela coisas que ele achava que as pessoas não estão
acostumadas a observar.
Sim isso mesmo, você esta certo... Leonardo era surdo/mudo.
Sua vida inteira fora um completo silêncio, e na verdade ele
não compreendia quando lia no jornal que determinada música era o hit do
momento, ou tão pouco quando na internet outras pessoas atacavam aquela mesma
música por considerar péssima. Ele não podia escutar, mas mesmo assim ele fazia
parte daquele mesmo mundo?
As pessoas se preocupavam tanto com aquilo, pensava ele...
Como se aquilo fosse à resposta pelo sentido de se estar vivo naquele momento
respirando...
Então ele poderia ser um ser humano pior, com menos
capacidade...
Uma vez ele leu em um livro que o importante não é a
quantidade de força, dinheiro e até mesmo amor que possuímos, mas sim como
usamos a nossa força, o nosso amor. O sentido não estaria nos gostos, mas sim
em nosso caráter. O sentido não está na capacidade, mas sim na força de manisfestar o que temos por dentro.
Leonardo gostava de sentar na beira da praia e ver as ondas
quebrarem. Cada onda era única, cada momento é único, assim como cada pessoa é única,
mesmo com os defeitos que cada um possui. Esses pensamentos deslizavam da sua
mente e caiam nas páginas brancas de seu livro.
Sentado na beira do mar ele não podia ver o vento, e tão
pouco escutar seus assovios que as pessoas diziam escutar em dias chuvosos de
ventania. Porém quando ele fechava seus olhos podiam sentir a brisa do mar
tocar seus cabelos e lhe contar sobre os outros lugares que havia percorrido.
Era assim que Leonardo queria ser... Livre como o vento que desliza pelo céu
levando consigo o tempo e várias histórias...
Leonardo queria que a sua história fizesse novas histórias
brotarem no coração de cada pessoa. Muitas pessoas o achavam um coitado, ou um
deficiente. Mas ele via aquilo como um dom, o dom de sentir verdadeiramente o
mundo ao seu redor.
Certa vez quando era criança Leonardo foi levado ao
hospital, pois seus pais notaram que ele não aprendia a falar e tão pouco
reagia aos seus chamados. Então o pequeno garoto foi diagnosticado como surdo e
várias terapias e aulas para surdos foram indicas. O médico comovido com o
pequenino garoto que observava o mundo no silêncio absoluto abriu a gaveta de
sua mesa e retirou um livro de capa azul com nuvens desenhadas e deu ao garoto.
Leonardo não entendeu o gesto e tão pouco sabia ler, pois
ainda era criança. Porém ao descobrir o significado das palavras começou a ler
aquele livro e entender parte do seu próprio papel na vida.
Ele tinha o dom de escrever sua própria história de vida, e
literalmente não precisava escutar os palpites das pessoas que apesar de
poderem escutar, escutam o que os outros querem que elas ouçam... E cegos
vivem...
Em algum dia de uma certa semana de um determinado mês
Leonardo deixou aquele livro em um ônibus que havia tomado para ir até o
aeroporto. Ele sabia que aquela história do livro formaria novas histórias na
vida de outras pessoas.
Leonardo estava viajando, ele era um recém famoso escritor
viajando para escrever mais histórias, para escrever sua própria história. Para
ver o mundo, ver outras pessoas outras culturas, pois acreditava que essa era a
riqueza maior do ser humano... As diferenças que cada um possui. Cada pessoa em
sua cultura fazia suas próprias descobertas, vivia suas próprias experiências e
compartilhava isso com as pessoas ao seu redor.
Leonardo tinha cada vez mais certeza que as experiências de
outras culturas eram a possibilidade de apreciar mais a vida no pouco tempo que
temos sobre a terra. Eram a possibilidade de aprendermos mais sobre nós mesmos,
sobre a vida, sobre o mundo. São histórias que de uma história, a história da
vida escrita através das nossas histórias, através de nossas existências que
brilham por uma fração de segundo na imensidão do universo, assim como as
estrelas.
Histórias de uma história! É isso
que a vida é!
Histórias que se completam,
pessoas que se completam, momentos que germinam na terra chamada vida e fazem
brotar existências que percorrem o tempo construindo novos sentidos pela
imensidão da vida que sobe até as estrelas até se perder de vista.
As nossas histórias irão se
encontrar novamente em algum pedaço da imensidão do céu observe bem no silêncio
da noite o céu. Lá que será escrita uma nova história. Eu tenho certeza...
Histórias que farão uma nova história no infinito...
É no silêncio da vida que eu senti
meu coração bater, o pulsar do meu coração que me deu fôlego de escrever essas
histórias que se unem a sua história de vida hoje!
É os dias são todos iguais, nós é que estamos diferentes...
É os dias são todos iguais, nós é que estamos diferentes...
FIM.