domingo, 2 de outubro de 2011

Quem Te Traz as Cores - Capítulo 10

Alexandre Barbosa da Silva

Capítulo 10: The End Has No End

Existem pessoas que ao entrarem na nossa vida, mudam tudo. Mudam nós mesmos, mudam a nossa vida, e principalmente, mudam a forma com que vemos o mundo. Até as cores ficam diferentes. O mundo deixa de ser preto-e-branco.

Douglas, que agora estava pensando loucamente em como faria pra encontrar Gabrielle, pensava também que nunca voltaria a encontrá-la por acaso, na rua ou no Shopping ou em qualquer lugar, não numa cidade como a que eles viviam, com seus milhões de habitantes correndo de um lado para o outro.

O que ele não sabia, era que o vôo para a Itália não foi a primeira vez que se encontraram. Muitos anos atrás, eles se esbarraram em uma avenida movimentada. Um tempo depois, ele sentou do lado dela no cinema. Ambos estavam sozinhos, e ele até pensou em conversar com ela um pouco antes de o filme começar, mas sua mente adolescente não lhe deu coragem. Passaram-se alguns anos até o seu próximo encontro, no qual até trocaram algumas palavras, em uma fila pra comprar sorvete. O cabelo dela era de outra cor, portanto, ele jamais relacionaria a garota da fila do sorvete, com a garota do avião, que encontrara dois anos depois.

Eram coisas que ele não sabia, e nunca viria a saber. O mundo é muito pequeno, quanto mais uma cidade. Um cara uma vez, sabiamente me disse: “Não confie na sua memória, ela pode lhe pregar muitas peças”. Seu nome era... como era mesmo? Pedro... João... não, definitivamente era Rodolfo. Ou era Astolfo…? Acho que esqueci.



Ela estava de volta à casa do pai, quando deu-se conta do mesmo fato que Douglas. Havia percebido, por que queria lhe enviar uma mensagem de texto, e de repente perguntou-se pra que número a enviaria. Como resposta a esta pergunta, recebera um ponto de interrogação ainda maior.

Que dia ele iria embora da Espanha? Onde estaria na Espanha? Como se encontrariam em uma cidade como aquela em que moravam? Num aeroporto daquele tamanho?

O mesmo medo que o deixava em pânico, a deixava sem saber o que pensar, a deixava confusa.

Como pudemos ser tão idiotas?



Quando desembarcou na Espanha, Douglas estava louco. Se ele parasse pra pensar, descobriria formas de garantir que a encontraria, mas não pensava direito. No taxi a caminho do hotel, ele levou uma de suas malas junto no banco de trás, para pegar uns biscoitos que queria comer, e que estavam guardados no bolsinho do lado da mala.

Porém, quando colocou a mão para alcançá-los, sentiu uma coisa estranha. Ao puxar essa coisa de dentro da mala, teve a maior sensação de alívio da sua vida. Era o celular de Gabrielle.



O quarto de Gabrielle na casa do pai estava um caos. Ela havia revirado tudo, atrás de seu celular. Todas as suas roupas, as que trouxera consigo na viagem e as que seu pai comprara de presente, estavam espalhadas. A cama estava virada e o colchão estava no corredor.

Quando finalmente desistiu de procurar, lembrou-se. Seu celular estava na mala de Douglas, desde a partida da Inglaterra. Com um sorriso imenso, ela desceu as escadas correndo, em direção ao telefone.



No dia seguinte a sua chegada a Espanha, Douglas estava a manhã toda no quarto, esperando a ligação. Antes de recebê-la, não conseguiria aproveitar a estada, por mais lindo que fosse o país. O celular estava quase sem bateria quando encontrara, fazendo com que ele tivesse que comprar um novo carregador.

Ele estava quase dormindo em cima do telefone, quando uma música alta começou a tocar. A ligação chegou ao som do Cure, com Just Like Heaven.



Quando essa pessoa tão especial surge, fazendo tudo tremer, é de conhecimento público que você deve se prender a ela. Particularmente, não acredito em destino. Não da forma que as pessoas geralmente acreditam, que tudo que tiver que acontecer, acontecerá. Mas por outro lado, acho que as coisas tem sim, seu tempo. Quem sabe o que teria acontecido a Gabrielle e Douglas se ele tivesse tido coragem de falar com ela no cinema? Poderiam ter estado juntos a bem mais tempo é verdade. Mas talvez a imaturidade dos dois na época tivesse feito dar errado. Quem garante que vai dar certo agora? Que é felizes para sempre? Nada pode garantir isso.

Para encerrar, basta dizer que uns dias depois, no aeroporto de sua cidade natal, eles se encontraram. Primeiro ela o avistou. Depois ele a viu ao longe vindo em sua direção, carregando uma mala enorme.

Você aí, que está lendo, quer que eu descreva que eles correram ao encontro do outro, se abraçaram, se beijaram, falaram uma coisa engraçada, e riram juntos, num final cheio de corações, cupidos soltando flechas em meio a fogos de artifício?

Pois é, não vai acontecer.





* Enfim, acabou. Quem leu até aqui (sei que não são muitos) deixe um comentário dizendo o que achou. Obrigado. Até a próxima!

2 comentários:

  1. Bom,me obrigo a comentar aqui pra primeiramente te parabenizar por sua obra,para te agradeçer por divir um pouco dos teus quatro digitos de QI, e dizer q eu esperava os coraçoes e os fogos de artifício..kk parabéns Alexandre!

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  2. Nooossa, quatro dígitos! KKKKK
    Obrigado por acompanhar até aqui a história, valeu mesmo! Eu achava que ninguém além de mim e do Édiner tinha acompanhado KKKKK. Mas me diz Jéssica, tu não tem um blog ou outro lugar onde exponha os teus textos? Se bem me lembro eles eram ótimos!
    BJS!

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