Arthur tinha trinta anos. Era solitário, frustrado e estressado. Trabalhava dez horas por dia em um escritório. Este escritório ficava tão longe da sua casa que só o percurso até ele tirava no mínimo mais duas horas do seu dia, quando o trânsito estava bom.
Trabalhava lá há mais de sete anos. No mesmo cargo que odiava, e com um salário que só havia sido aumentado pelo governo mesmo. Mas durante esse tempo, ele economizou um bom dinheiro, com o objetivo de viajar para Paris.
Pelo que contam, deve ser a cidade mais bela do mundo!E quem sabe eu não vivo um desses romances parisienses que mostram nos filmes enquanto estou por lá?
Hoje é o último dia de Arthur no trabalho antes das tão esperadas férias. Ele tem dinheiro suficiente, as passagens estão compradas.
Quando ele está para sair para o almoço, seu chefe se aproxima, com a cara mais deslavada do mundo. Diz que as férias dele devem ser adiadas em função de uma outra funcionária que, segundo ele, havia pedido aquele mês de férias antes dele.
- Desculpe! Eu não tinha me lembrado quando disse que podia tirar férias em Janeiro! Mas não se preocupe, talvez possamos agendar você para julho? Que tal?
O chefe então dá uma palmada amigável no seu ombro e sai. Mas não sem antes dar uma piscadinha para a vizinha de mesa de Arthur.
No dia seguinte, Arthur acorda para tomar café da manhã. Enquanto sentado na mesa, ele olha para as passagens em uma mão, e para o relógio na outra. Está quase na hora de voltar para o escritório. Ele deve ligar para a companhia aérea agora se quiser ter um reembolso... Ele pega o telefone e disca.
- Alô, chefe? Me demito.