(Alexandre Barbosa da Silva - 28/11/2015)
Uma estrela morreu hoje e com ela, toda uma civilização.
O Éter deste
universo está alterado de forma permanente.
Mas ele não percebe
nada. Não hoje, principalmente. Fica depressivo as vezes, fica desanimado. Fica
impaciente ou totalmente apático, sem vontade de fazer nada e sente que se uma
turbina de avião caísse no quarto dele, ninguém sentiria sua falta, muito menos
o universo com suas estrelas morrendo e suas civilizações sendo dizimadas.
Só que hoje ele só
está... Melancólico. Triste, solitário.
Romanticamente
triste e solitário.
Uma lágrima escorre
por seu rosto enquanto ele olha pra rua nove andares abaixo através do vidro da
janela e da chuva que bate nela fazendo aquele som.
Quanto tempo faz?
Ele não sabe dizer.
Tempo demais.
Desde a última vez
que se sentiu triste e solitário, não apático e deprimido, mas sim como se o
motivo de sua tristeza fosse claro como o dia e o ar estivesse elétrico. Apesar
da tristeza, ainda há beleza no mundo dele.
Andou pensando em
alguém novamente. Sem reprimir seu sentimento por essa pessoa e sim,
nutrindo-o. Por que aparentemente, sua abordagem de total desprendimento,
desconfiança e cinismo, baseada em todas as decepções e cicatrizes, não estava
lhe fazendo tão bem quanto a antiga de se deixar levar, apaixonar-se e deixar
sua imaginação fluir docemente fazendo-o sentir que existe algo que ele quer
gritar pra todo mundo e que não importa qual seja a ração. O pior que pode
acontecer é... Ah! Dane-se o que pode acontecer.
As vezes, algo que
acontece já é uma recompensa em si mesmo. Por que os números mudam de lugar
quando algo acontece e o algarismo estático sobre a cabeça dele parece não
estar o ajudando em nada.
No grande esquema
das coisas, nada do que ele fizer faz muita diferença. Mas ele ouviu em algum
lugar que ele devia fazer assim mesmo. Nunca tinha entendido isso muito bem até
agora. Então ele sorri, chora, ama, se decepciona e recomeça... e não é
necessário ser totalmente egoísta para que os números continuem mudando,
fazendo uma das trilhões de engrenagens do universo mexer-se um centímetro em
sentido horário, resolvendo uma pequenina equação. E enquanto, aparentemente
nada muda para o universo, o mundo muda para ele. Em seu microcosmo, até onde
sua vista alcança, tudo está diferente.