Alexandre Barbosa da Silva
Prólogo 2
O rapaz estava sentado sobre o túmulo frio, como sempre fazia. Brincava com o celular entediado, lendo e relendo a mensagem, e sempre achando que era uma grande palhaçada, um trote, uma brincadeira de mau gosto.
É claro que ninguém apareceria naquele cemitério aquele dia. Por que domingo? Se a pessoa sabia que ele ia lá toda a quinta-feira, por que não apenas aparecer e falar com ele neste dia?
É claro que ninguém apareceria naquele cemitério. Mas... como esta pessoa sabia aquelas coisas sobre ele? Bom, talvez apenas fosse o caso que muitas pessoas pensam parecido, e ele não era tão especial como achava. Não, não era isso.
Bom, tinha que esperar pra descobrir.
Não precisou esperar muito. Uma meia hora depois do horário marcado, ele viu um clarão a direita, atrás de umas tumbas cobertas de hera. Encolheu-se sobre o túmulo gelado, puxando as pernas para cima. Um som de passos e de folhagem se mexendo começou a aumentar de volume. Alguém vinha caminhando por entre as criptas.
Quando viu quem era, ou melhor, o que era, sentiu suas entranhas se revirarem, mas não gritou, apenas esperou. Um lobo enorme caminhava na sua direção. Tinha uma aparência perversa, mas quando falou, se é que falou, pois não abriu a boca, sua voz era suave, e parecia atrapalhado.
“Olá garoto! Desculpe o atraso... é um mau hábito.”
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