sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Histórias de uma História



Já eram cinco horas da manha quando o despertador tocou e Marcos tinha mais um dia pela frente em busca de um emprego, sua rotina era a mesma fazia sete meses; levantar escovar os dentes tomar uma xícara de café com um pedaço de pão dormido com margarina e enfrentar o frio congelante do inverno na cidade grande. O dinheiro era pouco e Marcos era um jovem homem de 28 anos de idade formado em administração, porém desempregado, pois a empresa em que havia trabalhado desde os 20 anos de idade faliu com a grande crise mundial.


O carro que havia comprado com tanto esforço e orgulho foi vendido para sustentar a casa, ele morava sozinho, mas quando o dinheiro do seguro desemprego e da indenização acabaram e nenhum emprego surgiu o carro foi a primeira coisa que teve de se desfazer para continuar sobrevivendo. O seu estilo de vida também mudara, os jantares nas sextas feiras com a namorada em restaurantes e pizzarias eram agora lembranças e da namorada por sinal também só ficariam as lembranças quando ela o largou, pois ele estava sem dinheiro nem para a passagem de ônibus, na verdade Marcos não se sentia culpado, pois algum tempo depois chegou à conclusão que ela era uma grande vagabunda interesseira quando na rua a viu indo jantar com um ex colega de empresa de Marcos que conseguira um emprego de alto escalão em outra empresa conceituada.


A casa de Marcos era própria, fruto dos tempos em que ele ganhava bem na empresa e um dos poucos bens que haviam restado. Suas roupas começaram a ficar velhas e gastas, mas ainda resistiam bem. Quando marcos completou 25 anos de idade se viu obrigado a fazer bicos para pelo menos ter o que comer. Muitas pessoas que lerem toda essa desgraça podem se perguntar da família de Marcos, mas ele não tinha uma família, era órfão e havia estudado através de bolsas de estudo, era considerado por amigos como um vencedor ou um sortudo, bom se sorte existia ele era a prova de que o azar também e que azar.


Depois de comer Marcos foi até o ponto de ônibus como de costume, tinha uma entrevista de emprego marcada para aquele dia de gelar os ossos, mas como era longe de sua casa tinha que pegar três ônibus. De um tempo para cá Marcos estava começando a perder as esperanças e a depressão já o havia alcançado, ele já tinha pensado inclusive em se matar, mas ele mesmo sabia que não tinha coragem para isso. Dentro do ônibus com a cabeça escorada no vidro ele começava a tentar imaginar como seria o mundo sem ele, se alguém sentiria a sua falta, ele pensava se até sua ex namorada vagabunda iria ao seu enterro, mas chegou à conclusão de que não, talvez seus amigos e alguns fotógrafos de um jornal sensacionalista que escreveriam na matéria de seu obituário “Homem se atira na frente de carro importado para ganhar indenização e acaba morrendo após ter seus corpo partido ao meio”


Quando Marcos pegou o segundo ônibus, sentou em um banco bem da frente com uma janela vaga, pois era o seu lugar favorito, não tinha uma explicação específica para aquilo, talvez por conseguir observar melhor a rua e as pessoas andando felizes, quando via algum mendigo pensava se ele chegaria aquilo e de fato não faltava muito. Quando se entediava ligava seu Ipod que havia ganhado de um homem rico por achar uma cadela de raça que estava perdida. A musica de fato era a única coisa que dava um pouco mais de alegria para sua vida, a musica para Marcos e capaz de transportar emoções e palavras ao seu ouvinte, enquanto as escutava se via imaginando como seria o seu futuro em visões boas é más tentava projetar o que poderia acontecer, mas no fim sempre acabava se sentindo sozinho, se ele morresse simplesmente o mundo continuaria girando e ninguém se importaria, com o tempo ele seria esquecido, por não ter feito nada de extraordinário nesse mundo.


Terceiro ônibus era onde Marcos estava entrando, o dia já havia clareado e o movimento da cidade havia aumentado consideravelmente. Quando Marcos foi se sentar no banco que havia escolhido se deparou com algo inesperado; um livro repousava ali sem um dono aparentemente. Marcos se sentou no banco da janela e resolveu não tocar no livro naquele momento, decidiu esperar para ver se o dono apareceria. Depois de alguns poucos minutos ele pegou o livro na mão curioso sobre o seu conteúdo, tinha uma capa azul e algumas nuvens desenhadas, mas o nome lhe havia chamado muito a atenção. Ele abriu o livro e começou a ler as primeiras páginas, cada página que ele lia fazia ter mais vontade de ler. Estranhamente ele sentia que aquilo que estava escrito no livro fosse destinado especialmente a ele depois de algumas páginas ele sentia que a resposta que tanto procurava havia sido lhe dada, ele leu alguma coisa em especifico e em seguida pegou uma caneta do seu bolso e anotou algo em uma determinada página, fechou o livro e deixou sobre o banco do ônibus, depois de alguns poucos minutos desceu em seu destino para fazer a tão esperada entrevista.


Depois de conversar com o responsável pelo RH da empresa em que se candidatou e levar um “Obrigado Sr Marcos, mas o seu perfil não é adequado para a nossa empresa” voltou para sua casa empolgado onde começou a escrever um livro que misturava a história da sua vida de uma forma cômica e engraçada e se chamava “O que Deus dá o diabo tira” depois de alguns meses seu livro despertou o interesse de uma editora e foi publicado vendendo razoavelmente bem. Os dias de pão dormido começaram a sumir, Marcos começou a ser convidado para ir em programas de entrevistas onde fez sucesso com sua história até vender os direitos para um filme.


Em casa Marcos se lembrava do que havia lido naquele livro azul com nuvens desenhadas na capa que mudou sua vida de uma maneira incrível, eram simples palavras. Mas por que Marcos não trouxera o livro consigo? Quantas coisas mais poderiam estar escritas naquele livro, mas a resposta estava no próprio livro e só quem ler ele poderia saber, pois Marcos não contava para ninguém. Certo dia Marcos foi almoçar em um restaurante quando encontrou uma mulher linda de cabelos ruivos que fez seu coração disparar, ao conhecer ela ele tinha certeza de quem havia escrito aquele livro certamente era alguém especial.
Mas quem? E do que se trata esse livro?


Continua...

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