Eu estava na frente do computador. E você tinha deixado a
web can ligada, acho que sem querer, enquanto tentava tirar uma foto de si
mesma. Testava umas poses estranhas, mas muito bonitinhas de se ver no
movimento que você parecia não ter conhecimento.
Eu escrevi uma
mensagem, mas apaguei. Por algum motivo externo, eu tinha que medir as palavras
desta vez. Escrevi outra, e outra, e outra... apaguei. Uma amiga sua que eu não
gosto muito, apareceu na imagem
Então saí da frente
do computador e fui até a cozinha. Quando voltei, a imagem estava estática, com
você em uma única pose. Na minha tristeza instantânea, alguém apareceu no meu
quarto. Me disse umas palavras estranhas, como se eu tivesse uma fada madrinha parecida
com o meu irmão ou sei lá... eu apareci em uma varanda, junto com minha
escrivaninha e computador, que desapareceram
quando eu levantei da cadeira.
Descobri que era a
varanda do seu quarto. Quando entrei e chamei, pude ver que aquela amiga sua já
tinha ido embora. Bom.
Quando te vi comecei
a te sacanear quanto a câmera ligada.
-... E você fazia
poses assim... mimimimi!
- Ah, cala a boca,
eu to com vergonha agora.
- Foi bem bonitinho
na verdade.
Você precisava sair,
então foi trocar de roupa. Pediu pra que eu não espiasse... e eu não espiei ok?!
Quando pronta, vi
que sua roupa parecia uma vestimenta típica de antigamente. Tipo, anos vinte...
saídas direto d’O Poderoso Chefão Parte II.
- Vamos, temos que
descer e encontrar meus pais e meus irmãos...
Me puxou pelo
corredor até um elevador. Tudo dentro desse local parecia datar do começo do
século passado, inclusive as roupas dos funcionários (parecia um hotel). Você
largou uma mala no meio do corredor e saiu correndo me puxando até outro
elevador. Não entendi o que era. Então um desses funcionários correu em nossa
direção enquanto você apertava o botão do elevador freneticamente. Ele ia
conseguir entrar, mas percebeu a mala e teve que voltar pelo corredor para
buscá-la.
Você riu alto, um
pouco ofegante enquanto a porta do elevador fechava e o homem ficava no
corredor. Eu a encarei e acompanhei o riso.
Chegamos ao térreo e foi como entrar em uma
máquina do tempo. Lá todos estavam usando vestimentas modernas (com exceção
de outras três pessoas), e o local era um grande hipermercado. Alguém dava
voltas com um carro em um dos corredores. Descobri que era seu pai. Seus irmãos
(por que ali eram dois), empurravam um ao outro em carrinhos de mercado,
batendo nas prateleiras e até contra o carro que por ali dava voltas. Pra nada
disso eu pensava “WTF?!”, o que me deu a primeira pista. Quando eles te viram, saíram
de seus carros/carrinhos e caminharam para a saída.
Lá fora chovia, eu
olhei para o supermercado e vi a torre altíssima, lá atrás.
Nesse momento, percebi que não era real. Uma
torre dos anos vinte, atrás de um supermercado, com funcionários vestidos a
caráter e uma família que se divertia batendo nas coisas em meio aos clientes?
Sempre que sonho com você, você está no alto, como naquela torre. Será que isso diz
alguma coisa?
Mesmo sabendo da
verdade, na hora eu me desesperei. Me vi caído no chão molhado observando a
estranha construção. Você me olhava há alguns metros, se perguntando ,eu acho, o
que eu fazia no chão. Eu fui até você e a segurei pelos braços.
- Você já foi até
aquela torre?
- Claro, é onde nós
estávamos.
- Tudo bem. Olha... –
eu apontava para cima e você me encarava - eu quero dizer uma coisa... Caso
qualquer coisa aconteça... aquela torre... se precisarmos um do outro...
Acordei.
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