segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Díario das Trevas - Capítulo 13

Ai está o Capítulo 13 de Diário das Trevas, um pouco atrasado, mas antes tarde do que nunca, espero que gostem.
Anteriormente em Diário das Trevas:
 Dei a partida no carro e fui em direção à cidade. O céu no centro da mesma continuava avermelhado com clarões igualmente vermelho. Parecia um cenário apocalíptico, mas eu estava decidido a encontrar minha mãe e meu irmão, eu sentia que podia! Minha mente e o meu coração estavam preparados para vencer a própria escuridão que existia dentro de mim.
Capítulo 13: Além do Bem e do Mal.
Sim, eu estava me sentindo mais maduro de alguma forma as coisas mudaram dentro de mim de um modo positivo. Comecei a pensar se demoraria muito para que o céu se tornasse azul novamente, para que as pessoas saíssem de suas casas, que a leve brisa da primavera retornasse como em todo o ano fazia e tocasse os meus cabelos me fazendo poder respirar em paz.
Eu não era um motorista exemplar, o que eu sabia era devido ao meu pai que me ensinou nas férias de verão quando passei com ele. Mas ainda sim era o suficiente, eu dirigia muito atento observando as ruas, até que cheguei finalmente à avenida principal onde ficava o prédio em que minha mãe trabalhava, e era lá mesmo que o vermelho do céu era intenso e descia imponentemente em forma de um redemoinho junto com nuvens carregadas.
Curiosamente não escutava nenhum som das pessoas transformadas, tudo estava vazio e em silêncio, como que o destino aguardasse por um momento triunfal. Parei o carro e desci com a lanterna e o revolver em punhos.
Entrei no prédio que parecia abandonado e fui procurar minha mãe, havia eletricidade ainda como em boa parte da cidade.
Em alguns momentos da minha vida eu sempre tive o que algumas pessoas chamam de intuição, mas não é bem isso, é como se fosse uma parte de mim que sempre foi mais esperto e me avisava sobre o que fazer. Estranhamente sempre que eu tomava decisões opostas a isso eu simplesmente me ferrava. Pensando mais profundamente nisso eu cheguei à conclusão que eu sempre tive escolhas e mesmo as situações em que eu errei, eu tive a oportunidade de tomar a decisão contrária e talvez tivesse acertado nesses momentos.
Quando eu apertei o botão do elevador eu senti aquele chamado do fundo do meu peito e da minha alma de que eu estava fazendo a coisa errada, porém por mais que tudo me levasse a fugir eu não podia desistir de encontrar minha mãe e meu irmão.
Entrei no elevador, minhas roupas estavam sujas, mas eu nem me importava, aquilo era o de menos. Eu apertei o botão do sexto andar e as portas se fecharam e o elevador começou a se mover lentamente. Primeiro andar... Segundo andar... Terceiro andar... Quarto andar... O elevador sacudiu violentamente, porém eu não senti medo, eu acreditava em algo que eu não sabia descrever com palavras, mas estava no dentro no meu peito.
O elevador começou a se movimentar mais rapidamente, aquele prédio ia até o décimo segundo andar, porém o marcador digital entrou em curto e apagou, até que o elevador parou subitamente e as portas se abriram lentamente.
Era uma sala cinza sem janelas, no centro havia duas poltronas e em uma delas havia alguém sentado, como se estivesse me aguardando. Eu entrei sem hesitar meu coração batia rápido aquela altura, me aproximei e observei quem estava sentado na poltrona. Para o meu espanto era um ser igual ao que eu me deparei no meu quarto, pele pálida sem olhos com apenas um vazio nas orbitas onde deveriam estar os olhos, o resto do rosto era normal e genérico, ele vestia um manto escuro com alguns rasgões.
Ele moveu a cabeça na minha direção, então tive a certeza que ele podia me enxergar mesmo sem os olhos, ele esticou a mão convidativamente na direção da poltrona vazia, me convidando a sentar. Eu estava com a lanterna e o revolver em mãos ainda então me sentia seguro de alguma forma, porém o medo não era hospede do meu coração naquele momento.
Sentei calmamente e fiquei observando aquele estranho ser esperando que alguma coisa acontecesse, foi quando eu fui surpreendido pela voz do ser, que começou a falar.
- Estranho como a vida às vezes parece nos pregar peças não acha? Às vezes parece que tudo vai desmoronar, que Deus nos abandonou.
Eu fiquei em silêncio, não sentia que deveria responder ou dar a minha opinião, então ele continuou a falar.
- Acho que você está cheio de perguntas, abra o seu coração e as despeje para mim, eu sei as respostas para tudo que existe.
Eu ponderei por alguns instantes e então resolvi fazer as perguntas que estavam coçando em minha garganta - De onde veio essa escuridão que tomou conta de tudo, por que tudo isso está acontecendo? – Perguntei não me contendo.
Ele inclinou os lábios para cima o que me pareceu um leve sorriso, em seguida começou a falar. – O que você acha que é a coisa mais poderosa no mundo e no universo?
Eu parei pensativo por algum momento e uma única resposta parecia obvia na minha cabeça, então respondi. – Eu acho que é o amor.
- Eu fiz essa pergunta para muitas pessoas que estiveram sentadas nessa mesma cadeira que você está agora e quase todas elas me responderam a mesma coisa o amor. Eu não entendo por que vocês humanos falam e recorrem tanto ao amor, mas na verdade não sabem o que significa. A coisa mais poderosa no mundo e no universo não é o amor, é o Tempo.
- Mas por que o tempo? – Perguntei chocado.
- O tempo é capaz de moldar as coisas, é capaz de fazer brotar o amor assim como acabar com ele, é capaz fazer nascer e morrer faz idéias amadurecerem, pessoas amadurecerem, faz com que mundos nasçam e acabem, o tempo enche e esvazia as coisas, move montanhas é o responsável pelo inicio e pelo fim de tudo, o sentido em tudo existir está no tempo ele da sentido para tudo que existe o tempo é o propósito das coisas que existem.
Eu estava perplexo como uma coisa tão simples fazia tanto sentido da forma como ele havia dito. Mas a minha pergunta principal ainda não havia sido respondida.
- quem é você exatamente? - Perguntei intrigado.

- Eu sou algo que não é bom nem ruim eu estou além do bem e do mal, sou simplesmente o que sou, diferente de vocês humanos. - Respondeu o ser tranquilamente.

- Você deve estar se perguntando por que eu ainda não respondi a sua pergunta relacionada à escuridão certo? Bom tudo tem a ver com o tempo, vou lhe contar por que tudo isso está acontecendo e onde está sua mãe...

Continua...

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