segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Histórias de Uma História


Conto 5

Quando criança Cristina tinha muitos sonhos que desejava realizar. Entre eles os de se tornar uma pessoa de sucesso, casar com um homem bonito e ter filhos. Esses são aqueles tipos de sonhos que as novelas e a televisão em geral vendem para as crianças e para as pessoas em sua maioria, afinal quem nunca sonhou com algumas dessas possibilidades ao menos alguma vez na vida?

Desde cedo Cristina foi uma criança tímida, de poucas palavras e de muitos olhares. Olhares estes que observavam pequenos detalhes que as pessoas que vivem na correria do dia-a-dia não percebem, como, por exemplo, os gestos que as pessoas fazem com a boca ao mastigar a comida nas refeições, ou os movimentos das sobrancelhas em determinados sentimentos expressos, e até mesmo as acrobacia que as folhas secas fazem no outono ao despencar dos galhos em direção ao chão . Ela observava também os animais que cuidavam de seus filhotes quando ia ao zoológico, observava também os passarinhos que se empoleiravam nos fios de luz no inicio da manha. Conforme o tempo foi lhe acrescentando a idade ela percebia cada vez mais um ritmo na vida, um fluxo suave da natureza.

O tempo passou e todos os desejos almejados por ela quando criança sumiram de seu coração. Agora ela simplesmente queria entender a vida. Muitas e muitas perguntas flutuavam em sua mente durante quase todo o tempo, porém a maioria sem resposta. Um dia ao observar os pássaros que em seguida voavam pelo céu buscando seu alimento diário nas alturas, ela se deu conta de algo a mais que as pessoa pouco olham... O céu.

Aquela imensidão azul claro do entardecer decorado com algumas nuvens que pareciam chamuscadas pelo brilho do sol que se punha atrás de uma montanha fazendo fronteira com o horizonte dava um sentimento de infinitude para Cristina. Aquele foi o cenário que a inspirou a começar a escrever um livro sobre as coisas que pensava da vida.

Cristina escrevia sobre tudo que observava em seu dia-a-dia. Coisas simples para as outras pessoas, porém que a inspiravam seu espírito a transpor em palavras as coisas belas que ela enxergava da vida. Os anos lhe cobraram mais um pouco da sua juventude até que ela finalmente encontrou uma pessoa amada com a qual dividir suas alegrias, seus medos, seus sentimentos de amor, seu marido se chamava Roberto e era alguém que completava um espaço dentro do seu coração.

Pouco tempo depois Cristina ficou grávida de um menino, nessa época começou a escrever em seu livro tudo o que sentia, desde sensações até sentimentos daquela pequena vida que crescia dentro dela com muito amor.

Era um garoto e se chamava Douglas. O filho de Cristina assim como ela era muito tímido quando criança, mas que tinha muitas duvidas sobre os detalhes da vida. Frequentemente ele fazia perguntas do tipo “Por que os pássaros podem voar e nós não?” E Cristina lhe respondia tudo o que podia e o que havia aprendido durante a vida, que tudo tem um sentido e um propósito completo em nossas vidas, na natureza.

Em uma certa noite de verão seu filho Douglas ao observar os  besouros que voavam a volta de uma lâmpada da varanda notou que um deles havia caído de costas e não conseguia mais se levantar, intrigado o garoto perguntou para ela o por que daquilo, por que, o besouro não conseguia se levantar com suas próprias forças e voar novamente. Aquela pergunta deixou Cristina intrigada que não soube responder para o filho o motivo. De todas as coisas que ela observou durante o tempo que estava escrevendo seu livro, aquela era uma coisa da qual nunca tinha notado e tão pouco sabia o motivo. Se a natureza é tão perfeita e complexa, por que, alguns animais e insetos como besouros e tartarugas estão fardados a sofrer e não conseguir levantarem-se para tocar seus pés e patas no chão novamente e seguir caminhando? Haveria uma resposta?

O tempo mostrou para Cristina que talvez não, quando ela descobriu ter uma rara doença a principio incurável, um câncer na coluna que lentamente a mataria, a não ser que um milagre a salva se. Depois de um certo tempo Cristina perdeu os cabelos que tanto cuidava para manter brilhosos e bonitos, porém ela não dava a maior das atenções para aquele fato, sabia que tudo tinha um propósito.

O tempo passou e cada vez mais Cristina ia ficando mais e mais debilitada devido à doença, mas aquilo de forma alguma tirava sua força, três vezes por semana seu filho Douglas ia ao hospital lhe visitar e aquilo lhe dava mais e mais força. Certo dia a porta de seu quarto no hospital se abriu com uma corrente de ar, no corredor ela viu duas crianças correndo uma atrás da outra em meio a brincadeiras, quando uma delas caiu no chão esfolando os braços e pernas. A outra criança olhou para a amiga e estendeu o braço para ajudar ela a se erguer. Aquilo fez um sorriso radiante brotar no rosto de Cristina.

Um dia o médico entrou no quarto de Cristina com um expressão de tristeza. Cristina estava muito debilitada, ele sentou ao seu lado e de modo gentil lhe disse que sentia muito, mas não podia mentir para ela, seu tempo estava acabando, não restava muito, e as chances de um milagre de acontecer eram mínimas...

Cristina pegou na mão do médico e lhe disse com muita certeza, que cada dia que ela passou naquela cama de hospital dava a ela mais vontade de viver, pois ela enxergava o mundo de um modo diferente agora, ela tinha a resposta para a pergunta do filho. Ela apontou para o livro azul com nuvens desenhadas, e disse ao médico que entregasse para alguém que precisasse de um pouco de esperança na vida. O médico sorriu  segurando algumas lágrimas sabendo que ela estava para se despedir dessa vida e disse “todos nós precisamos de um pouco de esperança hoje em dia”  

Eu não preciso de um milagre doutor eu já vivi a vida inteira um milagre e agora percebi. Cristina sorriu ainda mais e concordou com a cabeça e fechou os olhos para sempre.
O doutor emocionado pegou o livro curioso e o abriu na mesma página que Douglas e Daniel liam agora no presente...

M I L A G R E...

É tudo o que esperamos em nossas finitas vidas que se alastram pelo infinito tempo... Quando você cair e não conseguir se levantar tenha a certeza que uma mão de amizade e amor vai estar do seu lado para lhe ajudar a levantar...

Ás vezes somos feitos para não conseguirmos levantarmos por contra própria, pois precisamos que alguém toque nossos corações e nos dêem um motivo para levantar.
Assim como os besouros de verão que voavam encantados pela luz cor de prata da lua, nós andamos encantados por luzes que enganam nossos sentimentos, nossos olhos... A vida nos derruba e às vezes parece um abismo e escuro e intransponível... Até que um sorriso, uma gargalhada, uma amizade, um sentimento de amor nos ilumina naquele lugar...

Os besouros caem porque existem para serem completados pela natureza e completarem a mesma. Assim é conosco, existimos para preenchermos a vida de outras pessoas e para que outras pessoas preencham a nossa vida através de gestos que façam a vida ter sentido, que faça valer a pena de uma forma que ainda talvez não possamos enxergar plenamente...

OS BESOUROS CAEM, NÓS CAIMOS, PARA QUE POSSAMOS ADQUIRIR A FORÇA PARA LEVANTAR! Esse é um dos propósitos... Meu filho AMADO.

Ao ler aquelas palavras Douglas cedeu a algumas lágrimas ele entendia agora que podia superar tudo que havia passado...


Continua...

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Tied To The Darkness

Alexandre Barbosa da Silva

Eu vejo seus rostos. Sentados ao redor de uma enorme mesa redonda e dourada. Não existem janelas, nem vidros nem mesmo paredes ao redor da mesa de banquete. Apenas alguns suntuosos pilares também dourados, que sustentam um teto desenhado e ornamentado. Pendurado nele estão os sete planetas do nosso sistema. Cada qual emanando uma luz própria.

A luz do sol ao entardecer, refletida no espetacular piso encerado é ofuscante.

Mas essa luz logo vai embora, sendo substituída pela fraca luz do luar. Mais fraca, mas não menos bela.

É nessa hora que ele vem até mim. Quando os outros estão todos distraídos. Ele me fala coisas belas. Do tipo que eu não teria criatividade para falar as garotas enquanto acordado. Mas por que ele fala essas coisas pra mim? Sonhar com outro homem – que diga-se de passagem se parece com um George Clooney mais musculoso- lhe dizendo o quanto o ama e depois o levando até um quarto não é exatamente muito másculo. Ainda mais várias vezes. Agradeço por sempre acordar após ele fechar a porta do tal quarto...

Sempre pensei muito sobre isso. Nunca gostei de nenhuma garota antes... nem de nenhum garoto também! Até algumas semanas atrás, quando a conheci. Ontem mesmo, quando contei a ela sobre esses sonhos que tenho tão freqüentemente, ela me sacaneou. “Isso não é tipo, muito gay?” Depois riu. Ah, se ela soubesse... pelo menos conscientemente...

A conheço há tão pouco tempo, mas ao mesmo tempo me importo tanto com ela... Tenho certeza de que a freqüência desses sonhos aumentaram depois que a conheci. Tenho certeza que ela tem alguma coisa a ver com a minha insônia em um dia, e o sono extra-longo no outro. Com a minha constante inquietação com o mundo e a vontade de cometer vandalismos pela cidade. Quebrar um pouco esse mundo de tanto progresso. Em alguns dias, eu me reviro na cama e não durmo, em outros eu não quero acordar, por que acordando eu vou ter que pensar. E pensar simplesmente dói.

Neste, que é o primeiro dia do resto da minha vida, embora eu ainda não saiba disso, é claro (sim, é contraditório), eu apenas estou com vontade de correr até o local mais deserto perto da praia que eu conseguir, e gritar. Xingar os deuses e chorar. Talvez deitado na grama, enquanto observo as nuvens no céu por entre a cortina de lágrimas que distorcem tudo. E é exatamente isso que eu faço. Enquanto choro, eu me pergunto por que estou fazendo isso. Porque me sinto assim? Quero dizer, EU não sou assim!

Sempre me senti como se uma pessoa me observasse das sombras. A vida toda. Portanto não percebi que hoje realmente havia alguém me observando. Um homem negro, vestindo um suéter me observa sentado na areia, a alguns metros de mim. Ele espera até que eu o perceba. Então se levanta, vem até mim e diz:

- O fim do mundo está chegando. Não me admira que você esteja assim. Você pode
saber da verdade agora se quiser, mas receio que não vá mudar muita coisa... não acho que eles estão dispostos a perdoar...




Já anoiteceu quando estou correndo em direção a casa dela. As pessoas me olham como se eu fosse um louco... elas é que não olharam para o céu ainda. Que mania das pessoas de nunca olharem para cima!

Eu aperto o botão do interfone como louco. Ela atende furiosa.

- O que é hein? Quem é? Acho bom que seja impor...

Ela calou a boca. Com certeza da pra ver o céu da janela da cozinha dela.

- Desce! – eu digo.

A porta do elevador se abre com um ”plim” sonoro, e ela vem correndo até mim. As nuvens que eu observava mais cedo estão formando um redemoinho agora. O vento começa a soprar forte, e a fazer barulho. Raios cortam o céu noturno.

- O que está acontecendo? – ela pergunta desesperada.

- Eu descobri tudo!

- Tudo o que?

- São os nossos mundos! Somos nós! Nossos mundos estão conectados! Eu e você também... você não devia estar aqui! Entende? É tudo por causa disso!

Ela tentava entender. Dava pra eu ver na expressão dela que de alguma forma, o que eu dizia fazia algum sentido.

- Estamos amarrados a esta escuridão! – apontei pra cima.

Os raios começaram a ficar mais intensos, até que uma esfera gigantesca se abriu no céu. Como um grande portal. E dele saíram correntes colossais com ganchos nas pontas que se prendiam ao chão. Alguns deles simplesmente esmagavam prédios inteiros.

Enquanto a terra tremia, e um som retumbante, quase mecânico tornava impossível de ouvir qualquer outra coisa, eu pude ver as palavras se formarem nos lábios dela:

“Eu entendo”

Então eu fiz algo impensável para a situação em que me encontrava: Sorri e fiquei com cara de bobo a encarando.

“Entendeu?”

Ela confirmou com um rápido aceno de cabeça e um sorriso.

Depois disso o som chegou a um nível insuportável. Nós dois caímos de costas na calçada e ficamos encarando o céu sem podermos nos mexer. Quando o som parou, Todas as luzes do mundo se apagaram.

Escuridão.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Histórias de uma História



Conto 4

Quando era criança Douglas tinha muitas perguntas em sua cabeça, era daquelas crianças tímidas que quase não falam na presença de estranhos. Porém quando estava com sua mãe Douglas perguntava sobre tudo, perguntas do tipo “Por que os pássaros podem voar e nós não?” e sua mãe Cristina lhe respondia que para tudo na vida existe um propósito, um sentido, um ciclo, ela falava que tudo na natureza é perfeito e completo, tudo na vida intocada pelo ser humano tem um sentido...

Douglas era uma criança feliz naquela época, queria ser astronauta para poder ver as estrelas mais de perto. Gostava das noites de verão onde deitava no gramado do quintal e colocava sua mão na direção do céu e fingia pegar as estrelas com suas próprias mãos e dar de presente para sua mãe ou seu pai.

Em uma certa noite de verão um besouro caiu de costas no piso da varanda atordoado por uma lampada fluorescente, ele esperneava, mas não conseguia se virar, pois suas costas eram arredondadas. Douglas ficou algum tempo observando o inseto na expectativa de que ele conseguisse vencer aquela dificuldade. Sem resultado ele desistiu e ajudou o pequenino inseto voador da noite. Na mesma semana ao ir ao zoológico viu uma tartaruga virada da mesma forma, que não conseguia voltar à posição normal. Intrigado perguntou a sua mãe Cristina logo que chegou em casa o por que de alguns insetos e tartarugas não conseguirem tocar os pés no chão novamente quando caem. Cristina olhou no fundo dos olhos do garoto e disse “Eu não sei filho, mas tudo tem um propósito”

Os anos passaram e Douglas era um jovem de 23 anos de idade cursando faculdade de astronomia. Sua mãe havia falecido fazia 5 anos. Douglas sofrera muito na época, mas com o tempo superou e aceitou o acontecido. Levava aquela pessoa divertida e carinhosa que era sua mãe em suas lembranças todos os dias. Ele vivia com seu pai e tinha uma vida feliz e simples, estudava o que gostava e isso já bastava.
Douglas sempre gostou da maneira como sua mãe enxergava a vida, isso com certeza o ajudou a sempre ver a vida com alegria apesar das dificuldades, era disso que ele sentia falta agora. Curiosamente para todas as perguntas que ele fazia ela sempre tinha uma resposta com exceção daquela pergunta “por que os insetos e tartarugas quando caem não conseguem se virar?”

Em uma quinta feira de inverno Douglas saiu mais cedo de casa para ir até a faculdade ajustar alguns telescópios. Na rua o céu estava nublado e o trânsito mesmo de manha já era bem movimentado. Várias pessoas atravessavam as ruas, outras entravam e saiam de lojas, a vida era uma coisa quase que automática na visão de Douglas, por isso ele se interessava tanto pelo espaço sideral que era algo mágico e desconhecido. Ele chegou até uma grande avenida onde esperou o sinal fechar para atravessar, quando o sinal ficou vermelho para os carros ele deu o passo que mudaria sua vida completamente.

Um ônibus vinha ao longe, mas de imediato pareceu não ver o sinal fechado, quando se aproximou perigosamente da faixa de pedestres o motorista enfiou o pé no freio fazendo um grande escândalo com o barulho da borracha dos pneus fritando no asfalto. Douglas tomou um susto quando viu o ônibus vindo em sua direção freando, ele tentou correr, mas já era tarde. O ônibus o atropelou, mesmo depois de frear, lógico que com muito menos força do que se estivesse em plena velocidade.

Ele viu o mundo girar em várias direções, o som havia sumido, a cor havia sumido. Quando o looping parou ele se viu com o rosto encostado no asfalto e vários pés correndo em sua direção, a ultima coisa de que viu antes de apagar foi uma mulher linda de cabelos ruivos saindo do ônibus o observando com uma expressão de pena por alguns breves segundos até que tudo sumiu como se uma vela fosse apagada no meio da noite.

Douglas acordou algum tempo depois em uma cama de hospital, onde lhe contaram sobre tudo o que havia acontecido, soube que como a ambulância demorou o levaram no ônibus até o hospital. Apesar de tudo que havia acontecido ele se sentia bem, não sentia dor nem nada do tipo. Seu pai estava ali do seu lado lhe apoiando junto de alguns parentes. Porém algo estava diferente, ele não sabia dizer o que exatamente.

Foi quando ele recebeu a noticia do médico que nunca mais poderia andar devido ao acidente que havia provocado uma fratura permanente na coluna, aquilo o acertou como um tiro fulminante no peito. Ele não esperava por aquele tipo de noticia, seu coração disparou seguido por pânico e medo. Seu pai o abraçou tentado reconfortá-lo quando lágrimas rolaram pelo seu rosto. O que ele tinha de fazer agora era aceitar e levar a vida normalmente. Curiosamente um livro de capa azul com algumas nuvens desenhadas repousava no criado mudo ao lado de sua cama, o médico disse que pensaram que o livro era de Douglas, pois estava dentro do ônibus que o trouxe até o hospital.

O tempo passou e Douglas agora era um cadeirante e querendo ou não sua vida havia mudado. Ele continuava na Faculdade apesar de todas as dificuldades, porém não aceitava o que havia acontecido, se sentia incompleto, sentia-se incapaz, antes era uma pessoa independente e agora dependia de ajuda para fazer várias coisas, um vazio lentamente tomou conta de seu coração seguido da falta da vontade de viver o que o levou a tentar o suicídio, porém fracassou, pois foi impedido por um colega de faculdade quando tentava se jogar da janela do quinto andar do prédio.

Desde então duas vezes por semana fazia seções com um psicólogo em um hospital. Certo dia na sala de espera do psicólogo do hospital abriu o livro de capa azul com desenhos de nuvens que estava em sua mochila e se deparou com palavras que o tocaram profundamente, palavras que faziam muito sentido. Mas aquilo não era suficiente para Douglas. Parado ali naquela cadeira ele se sentia como um daqueles besouros que caiam de costas e não conseguiam se virar novamente para tocar os pés no chão. Nem os besouros nem ele tinham um propósito no mundo pensou consigo com uma profunda mágoa no peito, sentia falta da sua mãe mais do que tudo.

Ao ler mais um pouco do livro notou que haviam anotações feitas à caneta em algumas páginas. Ele pegou uma caneta em sua mochila e escreveu algo no livro e o deixou na sala. Estava decidido, iria se matar dessa vez, pois não encontrava uma resposta para si mesmo no mundo, achava que Deus não existia como Deus poderia ter feito aquilo com ele? Como Deus havia feito insetos e animais incapazes de se levantar de modo tão irônico, sendo que a natureza era para ser perfeita?

Ele foi até a sala 208 onde a janela era ampla, se ajeitou fitando o chão, a queda com certeza o mataria, era questão de impulsionar o corpo para frente e se agarrar com os braços para despencar. Antes de fazer tal atrocidade ficou ali pensando na sua vida, não conseguia ver sentido em tudo, não acreditava mais em seu futuro, não achava a resposta que mais queria “por que os insetos e tartarugas quando caem não conseguem se levantar?” “por que eu não consigo me levantar? Por que a vida tem de ser assim qual o propósito?”

Ele se apoiou na janela e começou a se puxar com os braços em meio a lágrimas, pronto agora era só se jogar e em alguns segundos a agonia iria sumir a dor iria sumir tudo iria sumir. Foi quando um homem com uma cicatriz no rosto entrou no quarto sem fôlego e foi na direção de Douglas o tirando da janela. Era Daniel que disse em meio a respirações rápidas “eu sei a resposta do por que os insetos e tartarugas quando caem não conseguem se Levantar! Você pode se levantar eu tenho certeza que pode!”

Daniel mostrou o livro da capa azul para Douglas em uma determinada página onde havia algo escrito a mão. Douglas olhou aquela página e teve certeza, era a letra da sua mãe, a resposta estava ali...

O que mais estava escrito no livro?

Qual a resposta para o sentido da vida de Douglas?

Por que a vida é como é?

Continua...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Histórias de uma História


Conto 3

Geralmente quando agente é jovem temos a sensação de que a nossa vida não vai acabar nunca, que nada de mal pode nos acontecer, que nunca ficaremos velhos como nossos avós. E mesmo que tenhamos consciência disso, parece uma idéia distante, que demorara muito para acontecer. Nada disso é mentira, mas quando menos nos damos conta o dia passou, a semana passou, o mês passou, o ano passou, uma década passou, a vida passou e não vimos... A verdade é que o tempo parece uma grande mentira que nos foi contada, ou talvez seja a mentira que Daniel mais queria acreditar.

Daniel tinha agora cinquenta e cinco anos de idade que lhe trouxeram de presente cabelos grisalhos, rugas, uma dor insuportável nas costas e o pior de tudo em sua opinião, falta de ereção. Mas a sua vida tinha boas recordações de quando era jovem. Quando tinha 15 anos Daniel começou na carreira de ator, era um garoto bonito que fazia as garotas se apaixonarem a primeira vista e ele particularmente gostava disso. Aos poucos sua carreira foi decolando com gravações de seriados, especiais de TV, atuação em peças de teatro e outras coisas do gênero.

Os críticos mais exigentes falavam mal de Daniel, diziam que ele era um mau ator que seu sucesso só existia por que ele era um homem bonito e que a sua atuação deixava a desejar. Porém Daniel não dava bola, tinha certeza que era algum tipo de inveja, por que ele era o centro das atenções da mídia e gostava disso. Não demorou muito e Daniel já tinha uma fortuna e fama. Comerciais de TV, seriados, peças de teatro chegando inclusive a gravar um CD de músicas que foi considerado por muitos como o maior desperdício de plástico da história, mas que vendeu milhões. Sucesso e dinheiro, sua vida se resumia a isso. As pessoas quando o viam na rua corriam enlouquecidas chorando e gritando de emoção por ver seu ídolo pessoalmente. Certa vez uma pesquisa revelou que 90% das mulheres o achavam lindo, além de ser considerado um dos homens mais sexy do mundo.

Muitas pessoas buscam o sucesso e a fama na vida. Tudo bem isso não é algo de se criticar fortemente, mas buscam isso por que? É isso que Daniel começou a perguntar para si mesmo. Certa noite no seu auge do sucesso Daniel saiu das gravações de um programa muito feliz com tudo, havia marcado de ir jantar com sua namorada em um elegante restaurante no centro da cidade. Por falar nisso sua namorada era uma famosa artista da TV muito linda por sinal. Apesar de tudo Daniel sentia algo estranho em seu peito como se algo estivesse fora do lugar. Ele entrou no carro e foi dirigindo até o restaurante com aquela impressão esquisita no peito. Foi então que um momento mudou toda sua vida, um carro o fechou e ele teve que desviar para o lado quando perdeu o controle do carro e capotou.

O acidente foi tão rápido que ele não viu nada. Quando acordou já estava no hospital rodeado pela hospitalidade dos seus parentes e com as palavras do médico que o confortaram. “Você não sofreu nenhuma lesão na coluna, vai poder voltar a sua vida normal” Daniel pensou consigo que tudo aquilo tinha sido apenas um acidente, e que todos estão sujeitos a acidentes na vida. Porém ele estava enganado. Daniel sentiu uma forte dor no rosto, foi quando se olhou no espelho e viu que parte de seu rosto estava coberto por curativos. Alguns dias depois após a recuperação e sem os curativos viu as marcas do acidente. Uma enorme cicatriz atravessava seu rosto, ele se sentiu um monstro. A cicatriz era tão violenta que cirurgias plásticas não solucionaram nada, na verdade tornaram seu rosto até mais esquisito.

A mídia ganhou muito dinheiro em cima da sua tragédia, e com o tempo ele foi sendo esquecido pelas revistas que listavam os mais sexy, foi esquecido pelas emissoras que nunca mais lhe ofereceram convites para atuar na TV, propagandas, peças de teatro e as garotas que o idolatravam e juravam amar Daniel, tudo isso sumira. As pessoas que amavam o seu rosto bonito o abandonaram, inclusive sua namorada que o deixou depois de alguns meses. As pessoas nunca haviam olhado para o que Daniel tinha por dentro em seu coração, apenas para sua imagem...

Daniel viveu então o resto de sua vida com o dinheiro que havia ganhado durante os tempos de glória e fama, fazendo algumas aplicações para fazer render seu dinheiro. A vida amorosa consistia em prostitutas que ele pagava, pois nenhuma mulher se aproximava dele. A vida foi ficando amarga e sombria com o passar do tempo. Os anos foram passando, seus pais morreram depois de alguns anos. Agora ele era um velho deformado, depressivo e solitário.

Daniel havia pensado em se matar, mas já que estava velho resolveu esperar o momento em que a morte viria lhe buscar. Certo dia Daniel acordou como de costume e foi ao banheiro escovar os dentes. Ele parou em silêncio na frente do espelho e ficou se observando, tudo que via ali era um rosto disforme, uma imagem que causava repulsa em algumas pessoas, repulsa até em sim mesmo. Lentamente uma angustia foi nascendo dentro de seu peito, uma vontade incontrolável de gritar para que todos pudessem escutar sua dor, uma dor irremediável que sentia por dentro, uma vontade de apagar a própria imagem diante de tanto remorso e tristeza. Num impulso de fúria, Daniel soltou um berro e socou o espelho com seus punhos, fazendo o mesmo quebrar em pedaços cortando seus braços e mãos. Ele caiu ensangüentado no chão com lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

Daniel foi parar no hospital, fazia algum tempo que ele não entrava lá. Era um ambiente em que ele não se sentia à vontade, as pessoas o olhavam com pena para seu rosto, na verdade qualquer ambiente aberto não agradava Daniel, se sentia um bicho alheio, estranho a aquele lugar, o que era uma ironia devido a sua profissão no passado.

Lá a médica perguntou por que Daniel havia quebrado o espelho e se cortado e ele respondeu “Queria sentir, no meu corpo, tanta dor quanto sinto no meu coração” Um silêncio se estendeu, a médica ficou aparentemente tocada e nada mais falou, a não ser para ele esperar para assinar alguns papéis para encaminhamento psicológico. Daniel sabia que precisava de ajuda, pois não sabia se poderia fazer mal a si mesmo em outras circunstâncias. Na sala de espera encontrou um livro de capa azul com nuvens brancas desenhadas que estava em cima de uma cadeira da sala de espera da psicóloga. Ele começou a ler e lentamente se sentiu bem até que encontrou uma anotação escrita a caneta em uma pagina, que dizia o seguinte... “Eu li as palavras deste livro, se você se sentiu bem e como eu se machucou e tentou se matar, tente salvar a minha vida, eu estou na sala 208 e vou me matar”

Daniel levantou-se em um pulo e foi em direção a sala tentar salvar aquela pessoa.

Será que ele não estava atrasado?


O livro tem o poder de ajudar todas as pessoas?


Continua...

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Histórias de uma História


Conto 2

Escrito por: Édiner R Silveira

A pergunta é a seguinte: Existe a pessoa perfeita? Um homem ou uma mulher que não cometa erros? Bom Prudence achava que não, e isso que a fazia achar as pessoas hipócritas. Na verdade essa opinião era por que ela queria se casar ou ter um relacionamento sério quando se aposentasse, mas achava difícil alguém aceita-la. As pessoas não eram perfeitas então não tinham o direito de acusá-la de algo. Mas será que existia alguém que casaria com ela depois da aposentadoria mesmo sabendo de tudo?

A grande verdade é que Prudence era uma prostituta, mas não uma dessas que se acha na beira de estrada e que fazem as alegrias de sábado à noite dos caminhoneiros. Prudence era uma prostituta de classe média, ou seja, estava quase no nível das de luxo. Sua vida era assim desde os 20 anos de idade quando começou a trabalhar nesse meio para pagar a faculdade de fisioterapia. Ela vinha de uma família estável e bem resolvida, mas que não tinha dinheiro suficiente para bancar uma faculdade.

Prudence sempre foi uma garota que sonhou alto, ela não desejava ter um emprego comum e passar a vida toda sendo uma vendedora ou algo do tipo, ela tinha o desejo de se formar e ter uma profissão reconhecida e diplomada, mas como tudo na vida tem um preço, ela passava os finais de semana como prostituta. Prudence teve essa vida durante muito tempo, na verdade mais tempo do que gostaria. Sua faculdade tinha cinco anos de duração, mas ela já estava nessa vida fazia oito anos, tudo por que ela se apaixonou.

Quando Prudence já estava no terceiro ano de faculdade ou sexto semestre como os acadêmicos medem seu tempo, Prudence conheceu um homem que domou seu coração,antes que você se pergunte, não ele não era um de seus clientes, era um colega de faculdade muito atencioso que conquistava ela com palavras bonitas. Logo os dois começaram a sair e a relação foi ficando mais séria, até que chegou o momento em que ela teve que contar do que vivia. Contou que enquanto eles saiam juntos se encontravam e dormiam juntos, paralelamente nos finais de semana ela se prostituia. A cortina de mentiras caiu e ela tinha medo de ser rejeitada. Ele pediu um tempo para pensar no que fazer e depois de umas duas semanas eles reataram, tudo parecia ir muito bem, pois o homem que ela amava tinha aceitado o trabalho de prostituta que Prudence exercia com a condição de que ela parasse no ano seguinte, parecia uma grande prova de amor. Mas nem tudo são churros nessa vida.

Certo dia enquanto Prudence tomava banho o homem que tanto ela amava descobriu algo sem querer na casa dela. Ele foi pegar água na geladeira e quando fechou à porta da mesma algo escorregou e caiu de trás da geladeira. Era um pequeno baú com todas as economias de Prudence, algo em torno de quarenta mil reais, mais alguns cheques e coisas pessoais. Por que não estava no banco esse dinheiro todo? Boa pergunta, simplesmente para não ter que declarar para o imposto de renda. Ela não sabe o que ele pensou, mas quando ela saiu do banho o dinheiro não estava mais lá e o cara tinha desaparecido. No dia seguinte esse homem que ela passou a chamar de “O grande filho de uma puta” espalhou para toda a faculdade que ela era prostituta, destruindo sua imagem e forçando ela a largar a faculdade ao mesmo tempo em que ele criou a oportunidade de manter ela afastada.

Isso a destruiu e a forçou paralisar a faculdade e trabalhar por muito mais tempo do que esperava, até ela se matricular em outra faculdade e juntar dinheiro novamente. Isso custou tempo da sua vida, custou a confiança que ela tinha nas pessoas, custou parte de seus sonhos, custou mentir para seus familiares por muito mais tempo e custou sua saúde pois a partir daí Prudence começou a consumir anti depressivos até ficar totalmente dependente para continuar vivendo e exercendo a profissão.

O ultimo programa que ela fez tinha uma semana e foi o ultimo na vida, ela estava quase formada, estabilizada, porém não conseguia largar os remédios e ter alegria na vida, ela sentia um grande vazio no peito depois de tudo que passou, de todas as dificuldades e humilhações que viveu, até inclusive ser espancada por um cliente drogado certa vez. Tudo o que queria agora era encontrar uma motivação para a vida e alguém que a aceitasse como ela era.

Certo dia ela pegou um ônibus para ir até a casa de uma amiga. Quando entrou no ônibus se sentou em um banco onde um homem jovem acabara de se levantar e descer, ela notou que ele havia deixado um livro ali, mas quando tentou chamá-lo para devolver era tarde demais ele já havia descido. Curiosa ela começou a ler o que estava escrito ali. A cada linha um brilho nascia nos olhos de Prudence e consequentemente um sorriso, ela pegou um pedaço de papel de sua bolsa e anotou algo que estava escrito no livro e em seguida escreveu algo lá também. Fechou o livro que tinha a capa azul com algumas nuvens desenhadas e o deixou no banco do ônibus. Antes de descer o ônibus deu uma grande freada e em seguida atropelou alguém, aquilo mexeu com Prudence ao ver um rapaz caído no asfalto coberto de sangue.

Alguns meses passaram e as coisas que Prudence leu no livro a ajudaram a melhorar dos problemas e traumas emocionais, ela já estava formada e conseguira abrir uma clinica de fisioterapia com as novas economias que havia juntado. Sua aparência havia mudado, ela agora deixou seus cabelos ficar na cor natural que era ruivo, ela era uma bela mulher ruiva de olhos verdes e corpo bem definido, mas sempre valorizou mais suas idéias e pensamentos que o seu corpo. No papel que ela havia anotado do livro tinha uma data e um local, era um restaurante muito famoso da cidade que havia reinaugurado após quase falir, lá ela viu um homem sentado à mesa que a chamou a atenção a primeira vista, ela ficou em dúvida se seria ele a pessoa, mas depois de muito olhar tinha certeza que realmente era ele, ela se aproximou e perguntou seu nome, o homem respondeu “Marcos” em seguida ela lhe entregou o papel, Marcos leu e sorriu.

Mas afinal o que está escrito no livro?

O que o livro tem em comum com Prudence e Marcos?

Coincidência?

Continua...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Histórias de uma História



Já eram cinco horas da manha quando o despertador tocou e Marcos tinha mais um dia pela frente em busca de um emprego, sua rotina era a mesma fazia sete meses; levantar escovar os dentes tomar uma xícara de café com um pedaço de pão dormido com margarina e enfrentar o frio congelante do inverno na cidade grande. O dinheiro era pouco e Marcos era um jovem homem de 28 anos de idade formado em administração, porém desempregado, pois a empresa em que havia trabalhado desde os 20 anos de idade faliu com a grande crise mundial.


O carro que havia comprado com tanto esforço e orgulho foi vendido para sustentar a casa, ele morava sozinho, mas quando o dinheiro do seguro desemprego e da indenização acabaram e nenhum emprego surgiu o carro foi a primeira coisa que teve de se desfazer para continuar sobrevivendo. O seu estilo de vida também mudara, os jantares nas sextas feiras com a namorada em restaurantes e pizzarias eram agora lembranças e da namorada por sinal também só ficariam as lembranças quando ela o largou, pois ele estava sem dinheiro nem para a passagem de ônibus, na verdade Marcos não se sentia culpado, pois algum tempo depois chegou à conclusão que ela era uma grande vagabunda interesseira quando na rua a viu indo jantar com um ex colega de empresa de Marcos que conseguira um emprego de alto escalão em outra empresa conceituada.


A casa de Marcos era própria, fruto dos tempos em que ele ganhava bem na empresa e um dos poucos bens que haviam restado. Suas roupas começaram a ficar velhas e gastas, mas ainda resistiam bem. Quando marcos completou 25 anos de idade se viu obrigado a fazer bicos para pelo menos ter o que comer. Muitas pessoas que lerem toda essa desgraça podem se perguntar da família de Marcos, mas ele não tinha uma família, era órfão e havia estudado através de bolsas de estudo, era considerado por amigos como um vencedor ou um sortudo, bom se sorte existia ele era a prova de que o azar também e que azar.


Depois de comer Marcos foi até o ponto de ônibus como de costume, tinha uma entrevista de emprego marcada para aquele dia de gelar os ossos, mas como era longe de sua casa tinha que pegar três ônibus. De um tempo para cá Marcos estava começando a perder as esperanças e a depressão já o havia alcançado, ele já tinha pensado inclusive em se matar, mas ele mesmo sabia que não tinha coragem para isso. Dentro do ônibus com a cabeça escorada no vidro ele começava a tentar imaginar como seria o mundo sem ele, se alguém sentiria a sua falta, ele pensava se até sua ex namorada vagabunda iria ao seu enterro, mas chegou à conclusão de que não, talvez seus amigos e alguns fotógrafos de um jornal sensacionalista que escreveriam na matéria de seu obituário “Homem se atira na frente de carro importado para ganhar indenização e acaba morrendo após ter seus corpo partido ao meio”


Quando Marcos pegou o segundo ônibus, sentou em um banco bem da frente com uma janela vaga, pois era o seu lugar favorito, não tinha uma explicação específica para aquilo, talvez por conseguir observar melhor a rua e as pessoas andando felizes, quando via algum mendigo pensava se ele chegaria aquilo e de fato não faltava muito. Quando se entediava ligava seu Ipod que havia ganhado de um homem rico por achar uma cadela de raça que estava perdida. A musica de fato era a única coisa que dava um pouco mais de alegria para sua vida, a musica para Marcos e capaz de transportar emoções e palavras ao seu ouvinte, enquanto as escutava se via imaginando como seria o seu futuro em visões boas é más tentava projetar o que poderia acontecer, mas no fim sempre acabava se sentindo sozinho, se ele morresse simplesmente o mundo continuaria girando e ninguém se importaria, com o tempo ele seria esquecido, por não ter feito nada de extraordinário nesse mundo.


Terceiro ônibus era onde Marcos estava entrando, o dia já havia clareado e o movimento da cidade havia aumentado consideravelmente. Quando Marcos foi se sentar no banco que havia escolhido se deparou com algo inesperado; um livro repousava ali sem um dono aparentemente. Marcos se sentou no banco da janela e resolveu não tocar no livro naquele momento, decidiu esperar para ver se o dono apareceria. Depois de alguns poucos minutos ele pegou o livro na mão curioso sobre o seu conteúdo, tinha uma capa azul e algumas nuvens desenhadas, mas o nome lhe havia chamado muito a atenção. Ele abriu o livro e começou a ler as primeiras páginas, cada página que ele lia fazia ter mais vontade de ler. Estranhamente ele sentia que aquilo que estava escrito no livro fosse destinado especialmente a ele depois de algumas páginas ele sentia que a resposta que tanto procurava havia sido lhe dada, ele leu alguma coisa em especifico e em seguida pegou uma caneta do seu bolso e anotou algo em uma determinada página, fechou o livro e deixou sobre o banco do ônibus, depois de alguns poucos minutos desceu em seu destino para fazer a tão esperada entrevista.


Depois de conversar com o responsável pelo RH da empresa em que se candidatou e levar um “Obrigado Sr Marcos, mas o seu perfil não é adequado para a nossa empresa” voltou para sua casa empolgado onde começou a escrever um livro que misturava a história da sua vida de uma forma cômica e engraçada e se chamava “O que Deus dá o diabo tira” depois de alguns meses seu livro despertou o interesse de uma editora e foi publicado vendendo razoavelmente bem. Os dias de pão dormido começaram a sumir, Marcos começou a ser convidado para ir em programas de entrevistas onde fez sucesso com sua história até vender os direitos para um filme.


Em casa Marcos se lembrava do que havia lido naquele livro azul com nuvens desenhadas na capa que mudou sua vida de uma maneira incrível, eram simples palavras. Mas por que Marcos não trouxera o livro consigo? Quantas coisas mais poderiam estar escritas naquele livro, mas a resposta estava no próprio livro e só quem ler ele poderia saber, pois Marcos não contava para ninguém. Certo dia Marcos foi almoçar em um restaurante quando encontrou uma mulher linda de cabelos ruivos que fez seu coração disparar, ao conhecer ela ele tinha certeza de quem havia escrito aquele livro certamente era alguém especial.
Mas quem? E do que se trata esse livro?


Continua...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Diário das Trevas - Capítulo 15

Aqui está finalmente o capítulo final da história. No fim do capítulo há um vídeo que completa a história, então se preferir deixe o vídeo carregando enquanto lê o capítulo final, para quando chegar lá possa acompanhar sem enterrupções. Obrigado à todos.

Capítulo 15: O fim não está próximo, está aqui!
Eu havia perdido a minha esperança naquele momento, a única coisa que havia me restado eram as lágrimas e uma enorme angustia no peito. Uma imensa solidão, um nó intransponível na garganta. A única coisa que eu desejava era poder abraçar mais uma vez todas as pessoas que eu amo.
- Então todas essas coisas aconteceram são porque o mundo estava perdido? – Perguntei ainda fragilizado.
- Sim os próprios sentimentos humanos varreram suas ações e muitas vidas deste mundo.
- Então o que vai acontecer daqui pra frente?
- Espero que vocês humanos evoluam daqui para frente, o mundo que você conhece não existirá mais, uma nova forma de viver brotará em seus corações, eu pelo menos acredito nisso.
- E todas as pessoas que morreram inocentemente? – Perguntei com as lágrimas rolando pelo meu rosto.
- Como eu falei antes, tudo que existe nesse universo é regido pelo tempo, o tempo atribui o sentido em todas as coisas que são finitas e imperfeitas, as pessoas tem o seu devido tempo nesse mundo e depois partem, algumas retornam para tocar com seus corações outras vidas e evoluírem. A sua mãe é um desses casos, ela sempre te amou Josh até mesmo em seu últimos momentos de vida.
De alguma forma inexplicável as palavras dele trouxeram paz ao meu coração que ainda estava vivo, mesmo não o sentindo dentro do meu peito. A sala foi lentamente ficando clara, o ser levantou da cadeira, eu me levantei também.
- Vá ao encontro das pessoas que te amam Josh, seu irmão está vivo com a namorada escondido em uma lanchonete no shopping, seu pai e a garota que você ama estão naquele moinho onde você os deixou e estão bem, e antes que você me pergunte o porquê daquela única estrela que está no céu, é porque tem de haver pelo uma estrela no céu para testemunhar o quanto de esperança e linda a vida pode ser para contar isso para todo o universo.
Eu pisquei os olhos, naquele milésimo de segundo ao abri-los novamente, não estava mais naquela sala, estava na entrada do prédio ainda com o rosto molhado por lágrimas. Aquilo fora real? Eu sentia que sim, não é por que nossa mente não compreenda ou nossos olhos não consigam enxergar que algo não vá existir. Você consegue ver o amor? Não e nem por isso não quer dizer que não exista.
Existem coisas na nossa vida que somente o nosso coração, nossas emoções conseguem compreender e alcançar... A vida é muito mais que o cotidiano que você vive, faça a vida valer à pena. Eu sai daquele prédio e fui até o meio da rua, tudo continuava escuro e tenebroso, mas curiosamente os berros dos monstros que na verdade eram pessoas com todo as mágoas e sentimentos negativos colocados para fora pararam.
Entrei no carro e segui a procura do meu irmão e o achei na lanchonete com a sua namorada, ao vê-lo minhas esperanças retornaram, porém eu não sabia se deveria dizer que a nossa mãe estava morta, quando eu me lembrava dela, uma imensa tristeza percorria pelo meu coração, me lembrava dela chegando cansada do trabalho em casa, e mesmo assim com um sorriso e um abraço carinhoso...
Conversei muito com meu irmão, e ele me falou algo que me tocou profundamente “Eu sempre acreditei que você iria aparecer por aquela porta” Entramos no carro foi quando ele me perguntou sobre a nossa mãe, eu não sabia o que responder, resolvi contar a verdade, e depois de muito explicar meu irmão ficou em silêncio com a cabeça baixa claramente emocionado. Nenhuma palavra mais foi dita, um silêncio enorme acampou dentro do carro...
Continuei dirigindo, eu entendia o motivo do silêncio do meu irmão, ele estava tentando aceitar tudo aquilo ao mesmo tempo que eu tentava diminuir o remorso dentro do meu peito, foi quando eu vi um vulto andando pela rua que parecia claramente a minha mãe, aquele vulto saiu correndo para um beco quase perto da saída da cidade, mas não havia como chegar de carro lá.
- Você pode dirigir o carro? Eu vou descer. –Disse ao meu irmão que pareceu não compreender o que eu havia falado.
- Mas por quê? – Perguntou ele confuso.
- Eu tenho que resolver uma coisa antes de ir com vocês. – Disse eu confiante. – É só seguir a estrada até chegar a um moinho velho, diga para o velho que se chama Boris que você é meu irmão.
- Você está louco? Eu não vou deixar você sair assim! Eu sou o seu irmão mais velho.
Eu sorri para ele, com alegria, aquele gesto pareceu penetrar em seu coração, e ele ficou em silêncio. – Josh eu sempre acreditei em você, por favor, volte!
- Eu vou voltar! – Disse eu com convicção e em seguida virei e fui atrás do vulto que achava ser a minha mãe. Na verdade eu não falei para o meu irmão porque eu não tinha certeza absoluta, e porque ela supostamente estava...
Acho que uma das melhores sensações da vida e ter a confiança dos nossos amigos, nossos familiares, em geral de todas as pessoas que nos amam, isso nos da uma espécie de força, uma motivação para ser cada vez melhores como pessoas, nos da força para enfrentar os piores problemas que apareçam, pois as pessoas acreditam em nós.
Depois de atravessar o beco cheguei em uma praça circular com alguns bancos, e lá estava sentada aquela pessoa, mas não parecia ser um daqueles monstros, definitivamente era uma pessoa, mas quem era?
Me aproximei lentamente, porém alguma coisa dentro do meu peito dizia que a minha mãe, finalmente cheguei até o banco e me sentei, a pessoa virou o rosto lentamente na minha direção, mas aquela altura eu já tinha certeza...
Era minha mãe, ela estava com um grande sorriso no rosto demonstrando felicidade, ela tocou os meus cabelos e eu não pude me segurar e a abracei em meio as lágrimas com toda a saudade que estava sentindo, ela retribuiu o abraço, era exatamente o abraço da minha mãe, era a minha mãe. Ela em seguida enxugou minhas lágrimas e começou a falar.
- Filho, não se preocupe, eu estou bem, eu quero que você saiba que eu amo muito você e o seu irmão, e quero que vocês estejam sempre juntos um do outro se apoiando e amando o seu pai. Ame o Maximo que você puder Josh, sempre a cada instante da sua vida, o mais verdadeiramente que puder, abrace o mais forte que puder meu pequeno, sorria o mais intensamente que puder, chore sempre que você sentir felicidade, eu vou estar sempre vivendo em suas lembranças e no seu coração meu filho amado, sempre perto de você. – Disse ela em meio á lagrimas que brilhavam intensamente. – E saiba que eu sempre te amei, eu sempre te desejei na minha vida, não via a hora de você nascer para te abraçar com todo o meu amor e poder ver os seus olhinhos.
Ela se levantou e foi caminhando e lentamente até ir desaparecendo pouco a pouco, eu entrei em desespero e sai correndo cheio de lágrimas, eu queria abraçá-la, passar mais tempo com ela, conversar sobre a escola sobre as coisas que eu e ela gostávamos, poder rir ao lado dela mais uma vez.
- MÃE... MÃE!!! Eu te amo MUITO!!! – Disse eu em meio a soluços e lágrimas enquanto via ela sumir lentamente com um sorriso no rosto, um sorriso que eu pensei que nunca mais veria novamente... Até que...

domingo, 2 de outubro de 2011

Quem Te Traz as Cores - Capítulo 10

Alexandre Barbosa da Silva

Capítulo 10: The End Has No End

Existem pessoas que ao entrarem na nossa vida, mudam tudo. Mudam nós mesmos, mudam a nossa vida, e principalmente, mudam a forma com que vemos o mundo. Até as cores ficam diferentes. O mundo deixa de ser preto-e-branco.

Douglas, que agora estava pensando loucamente em como faria pra encontrar Gabrielle, pensava também que nunca voltaria a encontrá-la por acaso, na rua ou no Shopping ou em qualquer lugar, não numa cidade como a que eles viviam, com seus milhões de habitantes correndo de um lado para o outro.

O que ele não sabia, era que o vôo para a Itália não foi a primeira vez que se encontraram. Muitos anos atrás, eles se esbarraram em uma avenida movimentada. Um tempo depois, ele sentou do lado dela no cinema. Ambos estavam sozinhos, e ele até pensou em conversar com ela um pouco antes de o filme começar, mas sua mente adolescente não lhe deu coragem. Passaram-se alguns anos até o seu próximo encontro, no qual até trocaram algumas palavras, em uma fila pra comprar sorvete. O cabelo dela era de outra cor, portanto, ele jamais relacionaria a garota da fila do sorvete, com a garota do avião, que encontrara dois anos depois.

Eram coisas que ele não sabia, e nunca viria a saber. O mundo é muito pequeno, quanto mais uma cidade. Um cara uma vez, sabiamente me disse: “Não confie na sua memória, ela pode lhe pregar muitas peças”. Seu nome era... como era mesmo? Pedro... João... não, definitivamente era Rodolfo. Ou era Astolfo…? Acho que esqueci.



Ela estava de volta à casa do pai, quando deu-se conta do mesmo fato que Douglas. Havia percebido, por que queria lhe enviar uma mensagem de texto, e de repente perguntou-se pra que número a enviaria. Como resposta a esta pergunta, recebera um ponto de interrogação ainda maior.

Que dia ele iria embora da Espanha? Onde estaria na Espanha? Como se encontrariam em uma cidade como aquela em que moravam? Num aeroporto daquele tamanho?

O mesmo medo que o deixava em pânico, a deixava sem saber o que pensar, a deixava confusa.

Como pudemos ser tão idiotas?



Quando desembarcou na Espanha, Douglas estava louco. Se ele parasse pra pensar, descobriria formas de garantir que a encontraria, mas não pensava direito. No taxi a caminho do hotel, ele levou uma de suas malas junto no banco de trás, para pegar uns biscoitos que queria comer, e que estavam guardados no bolsinho do lado da mala.

Porém, quando colocou a mão para alcançá-los, sentiu uma coisa estranha. Ao puxar essa coisa de dentro da mala, teve a maior sensação de alívio da sua vida. Era o celular de Gabrielle.



O quarto de Gabrielle na casa do pai estava um caos. Ela havia revirado tudo, atrás de seu celular. Todas as suas roupas, as que trouxera consigo na viagem e as que seu pai comprara de presente, estavam espalhadas. A cama estava virada e o colchão estava no corredor.

Quando finalmente desistiu de procurar, lembrou-se. Seu celular estava na mala de Douglas, desde a partida da Inglaterra. Com um sorriso imenso, ela desceu as escadas correndo, em direção ao telefone.



No dia seguinte a sua chegada a Espanha, Douglas estava a manhã toda no quarto, esperando a ligação. Antes de recebê-la, não conseguiria aproveitar a estada, por mais lindo que fosse o país. O celular estava quase sem bateria quando encontrara, fazendo com que ele tivesse que comprar um novo carregador.

Ele estava quase dormindo em cima do telefone, quando uma música alta começou a tocar. A ligação chegou ao som do Cure, com Just Like Heaven.



Quando essa pessoa tão especial surge, fazendo tudo tremer, é de conhecimento público que você deve se prender a ela. Particularmente, não acredito em destino. Não da forma que as pessoas geralmente acreditam, que tudo que tiver que acontecer, acontecerá. Mas por outro lado, acho que as coisas tem sim, seu tempo. Quem sabe o que teria acontecido a Gabrielle e Douglas se ele tivesse tido coragem de falar com ela no cinema? Poderiam ter estado juntos a bem mais tempo é verdade. Mas talvez a imaturidade dos dois na época tivesse feito dar errado. Quem garante que vai dar certo agora? Que é felizes para sempre? Nada pode garantir isso.

Para encerrar, basta dizer que uns dias depois, no aeroporto de sua cidade natal, eles se encontraram. Primeiro ela o avistou. Depois ele a viu ao longe vindo em sua direção, carregando uma mala enorme.

Você aí, que está lendo, quer que eu descreva que eles correram ao encontro do outro, se abraçaram, se beijaram, falaram uma coisa engraçada, e riram juntos, num final cheio de corações, cupidos soltando flechas em meio a fogos de artifício?

Pois é, não vai acontecer.





* Enfim, acabou. Quem leu até aqui (sei que não são muitos) deixe um comentário dizendo o que achou. Obrigado. Até a próxima!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Diário das Trevas - Capítulo 14

Aqui está o novo capítulo, demorou pra escrever por vários motivos, mas está ai espero que gostem.
Anteriormente em Diário das Trevas:
Eu estava perplexo como uma coisa tão simples fazia tanto sentido da forma como ele havia dito. Mas a minha pergunta principal ainda não havia sido respondida.
- Você deve estar se perguntando por que eu ainda não respondi a sua pergunta relacionada à escuridão certo? Bom tudo tem a ver com o tempo, vou lhe contar por que tudo isso está acontecendo e onde está sua mãe...
Capítulo 14: Um sentido para a vida.
Eu estava sentado naquela cadeira de frente para um ser no mínimo esquisito que me falava coisas talvez que se contassem para mim em outra época eu achasse absurdo. Eu um garoto que estava de saco cheio com a vida quando comecei a contar essa história sentia um tédio do mundo e de tudo que fazia parte dele. Eu estava porém tendo o conhecimento do que porque de tudo aquilo...
- Josh eu não tenho sentimentos eu simplesmente faço o que deve ser feito, e o que eu devo fazer está além do que vocês humanos podem julgar como errado e certo, eu não tenho pena, angustia, ódio, felicidade, tudo o que eu faço e o que sou está além da opinião de vocês, minhas ações são as minhas próprias palavras. – Falou o ser com de uma forma absoluta.
Eu evitava olhar para as orbitas vazias em seu rosto e observava somente sua boca que despejava todas aquelas palavras que definiam o que ele era. Eu estava ansioso para saber sobre minha mãe, para saber o porquê de tudo aquilo.
- Você não é ninguém muito especial nesse momento Josh, e nem é privilegiado por estar sentado nessa cadeira, como eu disse muitos já estiveram ai, com as mesmas angustias, duvidas e até com a fé abalada. – Disse o ser que me passava uma sensação de vazio intenso.
- Eu não estou com a minha fé abalada, eu sei que eu vou encontrar o meu irmão e a minha mãe, eu quero entender por que tudo isso está acontecendo e achar uma solução.
- Josh sua mãe está morta, foi você quem a matou, você se lembra quando estava dentro do carro e achou a arma no porta-luvas para ir resgatar o seu pai? O monstro que estava na porta do carro incomodado com a luz da lanterna era a sua mãe, você deu um tiro nela, o seu primeiro tiro, foi em direção a ela e tirou a vida dela.
Eu senti algo indescritível, senti como se o meu coração tivesse deixado o meu peito, e ali agora estava um buraco imenso e vazio. A minha esperança havia morrido por completo naquele momento. As lágrimas rolaram aos montes pelo meu rosto sem nem ao menos eu comprimir meus olhos para chorar. Eu não sabia mais quem eu era e se ao menos estava vivo por mais que o ar entrasse e saísse dos meus pulmões.
- Vocês humanos se acham inteligentes, lógicos, porém são guiados por meras aparências, o nível mais preliminar da superficialidade, por isso descartam outras pessoas, matam por motivos banais, odeiam por alguns não pensarem ou não serem como alguns de vocês pensam e são. Acreditam em superstições e em destino apenas para encherem seus egos e se sentirem especiais, para justificarem o porquê de estarem em um mundo em que não compreendem. Crianças morrendo de fome, crianças sendo estupradas, assassinatos, seria tudo isso obra do destino ou da sorte? Nem um nem outro isso é fonte de vocês mesmos é o reflexo das atitudes tomadas pelos humanos. Vocês demoram a amar as pessoas, mas em alguns minutos podem passar a odiar alguém do fundo de suas almas por algum motivo estúpido gerando uma corrente de ódio.
Eu escutava as palavras daquele ser com o rosto encharcado paralisado pelo choque que levei ao mesmo tempo. Eu não sabia o que pensar exatamente, continuei imóvel ali querendo berrar com todas as minhas forças até que tudo desaparecesse. Ele havia me dado uma noticia daquelas sem nem ao mesmo se importar com o estado em que eu estava.
- Quando vocês humanos começaram a viver, foi criado um diário, ao longo do tempo eu fui encarregado de escrever nesse diário tudo que acontecia com cada pessoa desse planeta, você me perguntaria como isso é possível, porém de nada adianta explicar isso, pois foge da capacidade compreensiva relativa a tempo percebida por vocês. Desde o inicio até a gora a vida de todas as pessoas que já existiram e existem está escrita nesse diário, cada palavra que elas falaram, cada ação, cada pensamento, cada duvida, assim como os acontecimentos da humanidade. Esse diário se chamava de “Diário da Vida”, mas como se prevê, os humanos nunca aceitaram muito bem uns aos outros e se questionavam e lutavam pelo o que acreditavam da maneira mais contraditória possível falando e buscando soluções e respostas através de guerras e ódio. O diário aos poucos começou a ficar escuro até que no final era difícil ver algum pedaço branco, cada sentimento de ódio, cada assassinato cada ato inescrupuloso era mais abundante que um ato de amor puro ou caridade.
Eu costumava olhar as nuvens no céu e sentir uma paz imensa, deitar na grama e admirar aquela imensidão, porém quando eu voltava os olhos para baixo tudo que eu via era carros buzinando, pessoas desconfiando umas das outras e a minha mãe me falando para não falar com estranhos, pessoas trancado os portões das casas, uma humanidade com medo dela mesma, mas com o tempo isso foi ficando tão natural que era quase como que escovar os dentes ou tomar banho, fazia parte das ações cotidianas, agora eu entendo o porque. Ficamos acostumados com os nossos próprios defeitos.
- Este diário foi corrompido, ele tinha a finalidade de registrar tudo para que no final vocês humanos pudessem avaliar suas próprias vidas e evoluir, trazer ao mundo ao mesmo tempo toda a experiência adquirida pela humanidade como um todo e promover o Maximo suas existências. Alguns de vocês dizem que Deus os abandonou, porém vocês fecharam seus olhos para suas almas desacreditaram na magia que é a vida, tornaram tudo mecanizado e material, deixaram de voar, pois acreditavam que a realidade e a segurança estava presa ao chão em que pisam, poluíram os lagos de águas cristalinas, destruíram as florestas e os campos verdes, tudo para se tornarem consumistas e criarem coisas que despertaria cada vez mais a cobiça e o desejo envenenando suas almas. O diário não suportou e explodiu naquele dia com o anuncio da terceira guerra mundial, assim como o mito da caixa de pandora, todo o mal que vocês mesmos provocaram se espalhou pela terra engolindo tudo na escuridão a única coisa boa que fez vocês sobreviverem durante esses milênios foi a esperança e esta escapou junto com o mal da escuridão sendo a única ferramenta para salvá-los.
- Então estamos sendo castigados. – Disse eu em meio as lágrimas.
- Não – Disse o ser balançando a cabeça negativamente. – Vocês estão sendo salvos, como humanos devem provar da dor para conhecer o bem, vocês estão experimentando os seus próprios atos manifestadas através dessa escuridão que entra no coração daqueles que não tem esperança e os transforma em monstros através daquela rosa negra que tira toda a tristeza e magoa que existe dentro de seus corações e os transformam em monstros temporariamente. As pessoas que tem esperança têm em seus corações luz.
O que vai acontecer com o mundo eu me perguntava, o sol vai nascer mais uma vez? Poderei sorrir novamente? Poderei abraçar quem eu amo mais uma vez, poderei ver sorrisos brotando nos rostos das pessoas?
- Pare de crer nas coisas com apenas os seus olhos, passe a tocar as pessoas e o mundo com o seu coração, quando você toca algo com amor, essa coisa é envolvida por bons sentimentos é disso que o mundo precisa, de sentimentos verdadeiros. – Disse o ser sem olhos segurando o diário em suas mãos pálidas.
Você acredita em destino? Ou tudo não passa de probabilidades aceitáveis em um mundo de possibilidades? Você é dono da sua vida, ou tudo já esta escrito em algum fragmento de estrela que brilha por você na imensidão do céu?
A sua felicidade.
A sua desgraça.
Um sorriso um choro, uma alegria e uma decepção.
Tudo já foi escrito, ou você simplesmente é a própria causa da sua vida, você é seus próprios méritos?
Vocês são as suas próprias oportunidades de vida que se alimentam da esperança e da curiosidade que é a vida?
Você é dono de seus próprios sonhos, da sua própria liberdade, dos seus próprios sentimentos?
Se o destino existe eu acho que não valha apena lutar pelo que sonhamos e acreditamos.
Se o destino existe talvez seja inútil amar, sentir, experimentar, viver e até respirar.
Talvez se o destino exista seja mais fácil simplesmente desistir de viver e deixar acontecer...
Se o destino existe a esperança é algo inútil.
Se o destino existe a esperança não passa de mera superstição.
Se destino existe, a esperança não passa de uma palavra bonita para se iludir com o destino irremediável da sua vida.
Destino não existe, destino é a desculpa para nossa estupidez ou para nossa superficialidade, tudo no mundo está interligado seja em equilíbrio ou em desequilíbrio, se uma criança morre de fome não é sorte ou destino são as nossas ações de competição, glória, desejo e ócio se manifestando, somos livres para viver e aprender tudo de bom que a vida tem a oferecer caso contrário não haveria sentido.
Se você achar um grande amor não foi obra do destino, foi obra do seu coração e do coração da pessoa que você ama. Se você não encontrar um grande amor é a prova de que você tem a liberdade da sua vida para encontrar e se o seu grande amor acabar o destino não existe justamente para que você possa superar e ter a oportunidade de conhecer outras pessoas. O destino foi acreditado pela ausência de coisas boas neste mundo, logo as poucas coisas boas que restaram foram atribuídas ao destino pela falta de esperança na vida...
Que sentido tem um mundo onde nada depende de você, onde tudo já está pronto para causar a desgraça que é abundante nesse planeta.
Somos fruto do reflexo de nossas ações, somos reflexo do que podemos tocar com os nossos corações. Levante criança, acredite na vida, faça o bem e ajude o seu semelhante que tem fome de alimento, amor e vida. Você mais do que uma coisa determinada, seus sonhos e suas possibilidades são tão grandes quanto o céu.
As estrelas não foram criadas para guardar o destino das pessoas, mas elas estão lá para testemunhar e para poderem contar para todo o cosmo o quão linda a vida pode ser...

Próximo Capítulo 15 o capitulo final.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quem Te Traz as Cores - Capítulo 9

Alexandre Barbosa da Silva



Capítulo 9: Os saldos e a tremenda idiotice.




Se fosse chorar por algum motivo, seria pela falta de mudança. Pela esperança despedaçada e pela decepção. E por isso, de fato, chorou.

Mas não conhecia Rafael pra chorar por ele. Sabe quando alguém morre na televisão, alguém famoso, mas que você nem sabe o que essa pessoa fazia da vida? Era mais ou menos isso. Será que sua mãe sabia? Provavelmente não, pois falava dele sempre com um tom de raiva. Devia achar que ele fora embora e desaparecido por conta própria, e que nunca mais quis nem saber do filho.

Gabrielle o abraçava, enquanto estavam deitados na cama do hotel, e descansava a cabeça sobre o seu peito.

Depois de quase uma hora na qual ninguém falou nada, Gabrielle falou:

- Está tudo bem?

- Está sim – ele a abraçou mais apertado – só estou pensando.

- Sei que é uma pergunta idiota, mas, no que está pensando?

- Não é uma pergunta idiota não – respondeu ele, os olhos grudados no teto, as mãos afagando o cabelo de Gabrielle – Claro, eu estou pensando nisso também, mas também estou pensando no saldo dessa viagem.

- Saldo?

- É, quero dizer, eu vim até a Europa, planejei isso durante anos e acabou desse jeito. De um jeito que eu não poderia prever.

Gabrielle sentiu uma pontada de tristeza. Se sentiu mal por isso, estava sendo egoísta, pensou.

Como se tivesse lendo os pensamentos dela, ele continuou:

- Por outro lado, uma coisa que eu não previ também, se provou uma surpresa maravilhosa.

A pontada de tristeza sumiu. Gabrielle se sentia ainda mais egoísta por isso, mas uma egoísta feliz pelo menos. E sabendo a resposta, perguntou:

- O que?

Ele a puxou para mais perto, sabia que ela queria ouvir aquilo, por mais que casais no mundo todo digam isso a todo instante.

- Eu encontrei você.



Naquela mesma noite e nos dois dias que se seguiram, Os dois aproveitaram para conhecer o máximo de lugares de Paris que conseguiram. Douglas estava ficando mais a vontade, depois das descobertas que tinha feito. Não dava pra dizer que tinha esquecido, mas Gabrielle era algo tão bom pra ele, que não conseguia ficar triste por muito tempo ao lado dela. De ambas as partes, o sentimento aumentava, e estavam dispostos a dar continuidade quando voltassem pra casa.

Então chegou o dia em que ele partiria para a Espanha, em sua última escala, e ela voltaria para a Itália, onde passaria mais uns dias com o pai.

No aeroporto, chegaram ao momento da despedida, mais uma vez temporária.

- Divirta-se na Espanha – ela disse – eu soube que as espanholas são muito bonitas.

Ele retribuiu o sorriso que ela lhe lançava, o sorriso que estava aprendendo a amar, e a abraçou com nunca antes. A segurou por um tempo, e ainda abraçando-a, disse:

- Obrigado – não sabia se conseguiria soltá-la.

- Obrigada você – ela disse afastando-se – por me ajudar, por me levar a pista de patinação, por tudo que fez. Por me dar apoio com o meu pai…

Uma lágrima correu pelo seu rosto.

- Que bobagem né? – ela disse – até parece que a gente ta se despedindo de verdade!

- Vejo você em alguns dias.
Então ele foi se afastando, de mãos dadas, soltando-a lentamente. Ela sorriu, enxugou as lágrimas com uma das mãos e foi embora.




Teria sido lindo, teria sido mágico, e no fim foi ainda mais mágico, devido a grande idiotice que eles fizeram.

Quando ele estava no avião, pensando que dessa vez era real, não tinha erro, em uma semana mais ou menos, ele teria de fato, um relacionamento, com alguém tão improvável quanto a situação que os uniu, pensou em uma coisa que lhe causou choque.

Eles não trocaram números de celular, depois que o primeiro de Gabrielle estragou. Eles não sabiam o nome completo um do outro, nem o dia em que desembarcariam de volta em sua terra-natal. Como haviam deixado isso passar? Será que estarem apaixonados os havia deixado loucos também? Como pretendiam se encontrar depois, se não tinham nem como se localizarem? Como puderam ser tão idiotas?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Díario das Trevas - Capítulo 13

Ai está o Capítulo 13 de Diário das Trevas, um pouco atrasado, mas antes tarde do que nunca, espero que gostem.
Anteriormente em Diário das Trevas:
 Dei a partida no carro e fui em direção à cidade. O céu no centro da mesma continuava avermelhado com clarões igualmente vermelho. Parecia um cenário apocalíptico, mas eu estava decidido a encontrar minha mãe e meu irmão, eu sentia que podia! Minha mente e o meu coração estavam preparados para vencer a própria escuridão que existia dentro de mim.
Capítulo 13: Além do Bem e do Mal.
Sim, eu estava me sentindo mais maduro de alguma forma as coisas mudaram dentro de mim de um modo positivo. Comecei a pensar se demoraria muito para que o céu se tornasse azul novamente, para que as pessoas saíssem de suas casas, que a leve brisa da primavera retornasse como em todo o ano fazia e tocasse os meus cabelos me fazendo poder respirar em paz.
Eu não era um motorista exemplar, o que eu sabia era devido ao meu pai que me ensinou nas férias de verão quando passei com ele. Mas ainda sim era o suficiente, eu dirigia muito atento observando as ruas, até que cheguei finalmente à avenida principal onde ficava o prédio em que minha mãe trabalhava, e era lá mesmo que o vermelho do céu era intenso e descia imponentemente em forma de um redemoinho junto com nuvens carregadas.
Curiosamente não escutava nenhum som das pessoas transformadas, tudo estava vazio e em silêncio, como que o destino aguardasse por um momento triunfal. Parei o carro e desci com a lanterna e o revolver em punhos.
Entrei no prédio que parecia abandonado e fui procurar minha mãe, havia eletricidade ainda como em boa parte da cidade.
Em alguns momentos da minha vida eu sempre tive o que algumas pessoas chamam de intuição, mas não é bem isso, é como se fosse uma parte de mim que sempre foi mais esperto e me avisava sobre o que fazer. Estranhamente sempre que eu tomava decisões opostas a isso eu simplesmente me ferrava. Pensando mais profundamente nisso eu cheguei à conclusão que eu sempre tive escolhas e mesmo as situações em que eu errei, eu tive a oportunidade de tomar a decisão contrária e talvez tivesse acertado nesses momentos.
Quando eu apertei o botão do elevador eu senti aquele chamado do fundo do meu peito e da minha alma de que eu estava fazendo a coisa errada, porém por mais que tudo me levasse a fugir eu não podia desistir de encontrar minha mãe e meu irmão.
Entrei no elevador, minhas roupas estavam sujas, mas eu nem me importava, aquilo era o de menos. Eu apertei o botão do sexto andar e as portas se fecharam e o elevador começou a se mover lentamente. Primeiro andar... Segundo andar... Terceiro andar... Quarto andar... O elevador sacudiu violentamente, porém eu não senti medo, eu acreditava em algo que eu não sabia descrever com palavras, mas estava no dentro no meu peito.
O elevador começou a se movimentar mais rapidamente, aquele prédio ia até o décimo segundo andar, porém o marcador digital entrou em curto e apagou, até que o elevador parou subitamente e as portas se abriram lentamente.
Era uma sala cinza sem janelas, no centro havia duas poltronas e em uma delas havia alguém sentado, como se estivesse me aguardando. Eu entrei sem hesitar meu coração batia rápido aquela altura, me aproximei e observei quem estava sentado na poltrona. Para o meu espanto era um ser igual ao que eu me deparei no meu quarto, pele pálida sem olhos com apenas um vazio nas orbitas onde deveriam estar os olhos, o resto do rosto era normal e genérico, ele vestia um manto escuro com alguns rasgões.
Ele moveu a cabeça na minha direção, então tive a certeza que ele podia me enxergar mesmo sem os olhos, ele esticou a mão convidativamente na direção da poltrona vazia, me convidando a sentar. Eu estava com a lanterna e o revolver em mãos ainda então me sentia seguro de alguma forma, porém o medo não era hospede do meu coração naquele momento.
Sentei calmamente e fiquei observando aquele estranho ser esperando que alguma coisa acontecesse, foi quando eu fui surpreendido pela voz do ser, que começou a falar.
- Estranho como a vida às vezes parece nos pregar peças não acha? Às vezes parece que tudo vai desmoronar, que Deus nos abandonou.
Eu fiquei em silêncio, não sentia que deveria responder ou dar a minha opinião, então ele continuou a falar.
- Acho que você está cheio de perguntas, abra o seu coração e as despeje para mim, eu sei as respostas para tudo que existe.
Eu ponderei por alguns instantes e então resolvi fazer as perguntas que estavam coçando em minha garganta - De onde veio essa escuridão que tomou conta de tudo, por que tudo isso está acontecendo? – Perguntei não me contendo.
Ele inclinou os lábios para cima o que me pareceu um leve sorriso, em seguida começou a falar. – O que você acha que é a coisa mais poderosa no mundo e no universo?
Eu parei pensativo por algum momento e uma única resposta parecia obvia na minha cabeça, então respondi. – Eu acho que é o amor.
- Eu fiz essa pergunta para muitas pessoas que estiveram sentadas nessa mesma cadeira que você está agora e quase todas elas me responderam a mesma coisa o amor. Eu não entendo por que vocês humanos falam e recorrem tanto ao amor, mas na verdade não sabem o que significa. A coisa mais poderosa no mundo e no universo não é o amor, é o Tempo.
- Mas por que o tempo? – Perguntei chocado.
- O tempo é capaz de moldar as coisas, é capaz de fazer brotar o amor assim como acabar com ele, é capaz fazer nascer e morrer faz idéias amadurecerem, pessoas amadurecerem, faz com que mundos nasçam e acabem, o tempo enche e esvazia as coisas, move montanhas é o responsável pelo inicio e pelo fim de tudo, o sentido em tudo existir está no tempo ele da sentido para tudo que existe o tempo é o propósito das coisas que existem.
Eu estava perplexo como uma coisa tão simples fazia tanto sentido da forma como ele havia dito. Mas a minha pergunta principal ainda não havia sido respondida.
- quem é você exatamente? - Perguntei intrigado.

- Eu sou algo que não é bom nem ruim eu estou além do bem e do mal, sou simplesmente o que sou, diferente de vocês humanos. - Respondeu o ser tranquilamente.

- Você deve estar se perguntando por que eu ainda não respondi a sua pergunta relacionada à escuridão certo? Bom tudo tem a ver com o tempo, vou lhe contar por que tudo isso está acontecendo e onde está sua mãe...

Continua...